quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Pertencimento escolar estudantil: refletindo sobre a sua conexão e identificação identitária



 

             A educação é compreendida como uma das forças motrizes que moldam a sociedade. Requer robusto investimento em instrumentos educativos, como infraestrutura adequada, atualização curricular, inovação metodológica e avaliativa, e formação docente contínua, para que o estudante se aproprie de conhecimentos, habilidades e valores necessários para o seu preparo social, em cada etapa de ensino.

            Na atual sociedade da performance, os movimentos de busca por resultados positivos na aprendizagem estudantil são constantes e se mostra a ambição principal da nação, mesmo no contexto de disparidade de recursos financeiros por estados e municípios, cumprimento da legislação educacional vigente e infraestrutura local, acreditando sempre ser possível desenvolver mais ações com menos recursos, como se fosse possível performar em educação, atingindo a excelência educacional apenas com “amor e boa vontade de ensinar”. Indicadores positivos na aprendizagem tomam por base elementos multifatoriais, sendo um deles, tema central deste artigo, o pertencimento escolar, tanto por parte da coletividade de profissionais da educação, como estudantes.

Compreende-se pertencimento como a auto percepção de se fazer parte identitária e prática de alguma agremiação de pessoas, como grupo, instituição, família, etc.; no campo escolar, o pertencimento estudantil consiste em uma necessária conexão e identificação de valores do estudante, em relação à coletividade de profissionais da educação e a rotina escolar, enquanto símbolos e mensagens convidativos para se inserir mais fortemente no ambiente escolar.

Despertar e manter a conexão de pertencimento identitário não é fácil, pois requer abertura de pensamento e vontade por parte do estudante, em querer participar verdadeiramente do ato escolar, enquanto ensino e socialização entre os seus pares e profissionais da educação; por parte da escola, cabe esclarecimento e estratégia para promover encantamento e atratividade em sua oferta educacional, seja em aula, projeto, convivência, a fim de se tornar convidativo para o estudante.

            A sensação de se sentir pertencente a algo, partícipe da construção de uma história coletiva proporciona benefícios ao estudante, como o cuidado com a sua saúde mental. O ato de não se isolar, agrega parâmetro comportamental entre os seus pares, diálogo sobre temas diversos, garantindo socialização saudável. Acrescente-se diminuição da evasão de matrícula, melhora no desempenho escolar em notas e frequência, além de uma aprendizagem significativa, com associação entre teoria e prática. Nesse sentido, pertencimento significa renascimento existencial por se abrir ao novo, pelo quanto há identificação de ordem psíquica, emocional e social.

            Por parte da instituição escolar, mantém-se legítimo o seu papel tradicional de transmissora de conhecimentos, habilidades e valores sociais, bem como evidencia-se o seu novo papel de desenvolver pessoas, no limite de polemicamente assumir para si o que seria comum para a família, como desenvolvimento de caráter, respeito, gratidão, responsabilidade, empatia, etc., a fim de que possa cumprir com maestria o que lhe cabe essencialmente que é promover ensino de conhecimento científico. Nesse sentido, caberá à escola adotar estratégias efetivas para gerar pertencimento institucional, como acolhida, formação e mentoria docente, espaços para convivência, promover a diversidade e a inclusão, e projetos que reflitam propósito e sentido existencial dos estudantes.

            Urge, portanto, desterritorializar a escola como espaço de preparação de mão de obra, garantindo a territorialização da escola como espaço de desenvolvimento humano pleno. Pertencimento escolar por parte de toda a coletividade escolar é possível e é para hoje.

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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