Luiz Antonio de Melo.
Jornalista.
O governador Geraldo Alckmin mostrou-se nesta eleição o maior cabo eleitoral de São Paulo e um dos maiores do Brasil. A vitória do seu pupilo, João Doria Jr, à prefeitura da maior capital da América Latina, ainda no primeiro turno, colocou o governador de São Paulo como o principal postulante na corrida ao Planalto em 2018 pelo PSDB.
Alckmin bancou sozinho o nome do empresário João Doria. Enfrentou os principais caciques tucanos, que eram contra a indicação do publicitário, como José Serra, Fernando Henrique Cardozo, Aloysio Nunes e José Aníbal.
FHC inclusive criticava publicamente a interferência de Alckmin no pleito municipal alegando que isso o "atrapalharia numa possível candidatura nacional".
Mas o governador foi incisivo e venceu o jogo de braços. Fez inclusive o fiel escudeiro tucano Andrea Matarazzo - sentindo-se sem espaço - pular para o barco de Marta Suplicy como vice na chapa do PSD.
E neste segundo turno, os resultados nos municípios paulistas consolidaram ainda mais o potencial eleitoral de Geraldo Alckmin.
As vitórias dos candidatos tucanos Paulo Serra, de Santo André, Orlando Morando, de São Bernardo, e Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto - redutos historicamente petistas - colocaram o governador paulista do pódio de 2018.
E para ajudar ainda mais o principal cacique tucano da atualidade nas conversações para a corrida ao Planalto, o seu maior concorrente partidário, Aécio Neves, patinou na tentativa de eleger o prefeito de Belo Horizonte. João Leite foi derrotado por Alexandre Kalil.
Não é inédita uma decisão monocrática de Geraldo Alckmin como a insistência por João Dória à prefeitura paulistana.
Em 2006, ele concorreu ao Planalto - enfrentando a reeleição de Lula - também por persistência. Naquela eleição, Serra era o preferido do ninho tucano. Geraldo cacifou-se à vaga pedindo prévia mas o partido queria consenso. Acabou sendo indicado sem prévia e sem consenso.
Na eleição de 2006, um fato pra lá de inusitado. Alckmin obteve no primeiro turno 39,9 mihões de votos. Terminou o segundo turno com 2,4 milhões de votos a menos.
Isso explica a falta de apoio e de engajamento de partidários na eleição de 2006. José Serra e Aécio Neves haviam sido eleitos governadores de seus respectivos estados (SP e MG) ainda no primeiro turno. Eles não nacionalizaram os pleitos estaduais e a militância não seguiu para o segundo turno.
Perguntado por um antigo amigo de Pindamonhangaba: "por que insistiu naquela eleição tão difícil de 2006?". Alckmin simplesmente respondeu: "O cavalo passou selado e eu montei"
Em 2018, o cavalo estará mais bem selado. E dessa vez mais firme e com nenos chance de cair.
Mas antes disso é necessário um desempenho brilhante de Doria na prefeitura paulistana. Senão tudo volta para a estaca zero e Geraldo Alckmin cai do cavalo antes de montar.