A educação é compreendida como uma das forças motrizes que moldam a sociedade. Requer robusto investimento em instrumentos educativos, como infraestrutura adequada, atualização curricular, inovação metodológica e avaliativa, e formação docente contínua, para que o estudante se aproprie de conhecimentos, habilidades e valores necessários para o seu preparo social, em cada etapa de ensino.
Na atual sociedade da performance,
os movimentos de busca por resultados positivos na aprendizagem estudantil são
constantes e se mostra a ambição principal da nação, mesmo no contexto de
disparidade de recursos financeiros por estados e municípios, cumprimento da
legislação educacional vigente e infraestrutura local, acreditando sempre ser
possível desenvolver mais ações com menos recursos, como se fosse possível
performar em educação, atingindo a excelência educacional apenas com “amor e
boa vontade de ensinar”. Indicadores positivos na aprendizagem tomam por base
elementos multifatoriais, sendo um deles, tema central deste artigo, o
pertencimento escolar, tanto por parte da coletividade de profissionais da
educação, como estudantes.
Compreende-se
pertencimento como a auto percepção de se fazer parte identitária e prática de
alguma agremiação de pessoas, como grupo, instituição, família, etc.; no campo
escolar, o pertencimento estudantil consiste em uma necessária conexão e
identificação de valores do estudante, em relação à coletividade de
profissionais da educação e a rotina escolar, enquanto símbolos e mensagens
convidativos para se inserir mais fortemente no ambiente escolar.
Despertar
e manter a conexão de pertencimento identitário não é fácil, pois requer
abertura de pensamento e vontade por parte do estudante, em querer participar
verdadeiramente do ato escolar, enquanto ensino e socialização entre os seus
pares e profissionais da educação; por parte da escola, cabe esclarecimento e
estratégia para promover encantamento e atratividade em sua oferta educacional,
seja em aula, projeto, convivência, a fim de se tornar convidativo para o
estudante.
A sensação de se sentir pertencente
a algo, partícipe da construção de uma história coletiva proporciona benefícios
ao estudante, como o cuidado com a sua saúde mental. O ato de não se isolar,
agrega parâmetro comportamental entre os seus pares, diálogo sobre temas
diversos, garantindo socialização saudável. Acrescente-se diminuição da evasão
de matrícula, melhora no desempenho escolar em notas e frequência, além de uma
aprendizagem significativa, com associação entre teoria e prática. Nesse
sentido, pertencimento significa renascimento existencial por se abrir ao novo,
pelo quanto há identificação de ordem psíquica, emocional e social.
Por parte da instituição escolar,
mantém-se legítimo o seu papel tradicional de transmissora de conhecimentos,
habilidades e valores sociais, bem como evidencia-se o seu novo papel de
desenvolver pessoas, no limite de polemicamente assumir para si o que seria
comum para a família, como desenvolvimento de caráter, respeito, gratidão,
responsabilidade, empatia, etc., a fim de que possa cumprir com maestria o que
lhe cabe essencialmente que é promover ensino de conhecimento científico. Nesse
sentido, caberá à escola adotar estratégias efetivas para gerar pertencimento
institucional, como acolhida, formação e mentoria docente, espaços para
convivência, promover a diversidade e a inclusão, e projetos que reflitam
propósito e sentido existencial dos estudantes.
Urge, portanto, desterritorializar a
escola como espaço de preparação de mão de obra, garantindo a territorialização
da escola como espaço de desenvolvimento humano pleno. Pertencimento escolar
por parte de toda a coletividade escolar é possível e é para hoje.
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia,
Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira –
“Sr. Sara”.
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