sexta-feira, 5 de março de 2021

OS DESAFIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA PARA 2021

 



Ítalo do Couto Mantovani*

                A segurança pública é um tema que, de forma praticamente diária, está em pauta na imprensa do Brasil. Seja nos jornais ou nos programas policiais. Essas notícias  acarretam na sensação de insegurança, somada ao medo, que está presente na vida de grande parte da sociedade brasileira, principalmente nos grandes centros urbanos. Assim como o acesso à saúde, à educação e à moradia, a garantia de ir e vir com segurança é um direito fundamental previsto pela Constituição Federal de 1988, sendo dever do Estado assegurá-lo. Um dever do Estado que fica a cargo da nossa Polícia. Que trabalham em equipe, fazem a diferença para população onde atual e são muito bem quistos.

            Prova de que nossa polícia segue a Constituição Federal,  é que no último dia 25 de fevereiro, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo divulgou os dados estatísticos do primeiro mês de 2021. O Estado de São Paulo terminou janeiro com redução nos casos e vítimas de latrocínio; em todas as modalidades de furtos e nos roubos em geral, de cargas e de veículos. O indicador de extorsão mediante sequestro permaneceu zerado. Os roubos seguidos de morte, tanto a quantidade de casos como de vítimas, passaram de 18 para 16, se comparado janeiro de 2020 e 2021. A quantidade de ocorrências é a segunda menor da série histórica, ao lado de 2007, enquanto que o número de vítimas é o menor, ao lado de 2008. Esse trabalho vem acompanhado da produtividade policial, que em janeiro, resultou em 12.277 prisões e na apreensão de 915 armas de fogo ilegais. Também foram registrados 3.323 flagrantes por tráfico de entorpecentes.

            A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN), com 39 municípios, terminou o mês de janeiro com redução em todas as modalidades de furtos e nos roubos em geral e de veículos. Também houve queda nos estupros e não foram registrados casos de roubo a banco e extorsão mediante sequestro. Os furtos em geral e de veículos tiveram as menores quantidades da série histórica, iniciada em 2001. O primeiro indicador recuou 12,4%, passando de 1.984 para 1.737, se comparado o mês passado com janeiro de 2020. O segundo indicador, por sua vez, diminuiu 35,5%, com um total de 176 registros, ante 273.Em janeiro deste ano, os estupros reduziram de 72 para 56 (-22,2%) na Região. Já os indicadores de casos e vítimas de latrocínio permaneceram estáveis, com uma ocorrência e uma vítima. No período analisado, os casos de homicídio doloso subiram de 29 para 37 e a quantidade de vítimas de 30 para 37. Com isso, as taxas dos últimos 12 meses (de fevereiro de 2020 a janeiro de 2021) ficaram em 13,33 ocorrências e 14,01 vítimas de morte intencional para cada grupo de 100 mil habitantes.

            Pindamonhangaba registrou em janeiro de 2021, 2 vítimas de homicídios dolosos, uma vítima a mais que em 2020. E uma vítima de latrocínio. A primeira vítima registrada para o mês de janeiro desde 2014 na cidade. Em 2020 foram registrados 60 roubos –outros (todos os tipos de roubos menos roubo a carga e roubo a banco) em Pindamonhangaba, em 2021 esses registros caíram para 27, isto é, uma queda de 55% neste indicador.  Nessa composição, comparando a taxa de vítimas para cada grupo de 100 mil habitantes ficamos com uma taxa de aproximadamente 17 vítimas por 100 mil habitantes. Número maior que da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte e até mesmo do próprio Estado, que apresentou uma taxa abaixo de 9 vítimas de homicídios por 100 mil habitantes.

            Não só nossa cidade, como a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, o Estado de São Paulo e até mesmo o Brasil passam por momentos delicados em setores econômicos, sociais, culturais e educacionais. A inflação alta, o desemprego em mais de 14% e juros fazem com que a população mais vulnerável fique exposta a situações complicadas. Situações que se agravam com o fim do auxílio emergencial. Afinal o Auxílio Emergencial concedido a 67 milhões de brasileiros se tornou o principal motor do crescimento do país em 2020. Com o aumento das mazelas sociais a criminalidade deve aumentar. Não há políticas públicas para conter o crime. Nossa polícia “apenas” trabalha no limite. Dia a dia na rua, sem vacina, com pouco material de proteção individual contra o vírus; salário devassado; e até mesmo sobrecarga de serviço. Esses são alguns dos desafios enfrentados pela polícia. Há uma necessidade urgente, por parte dos “fazedores” de política, em pensar o que esperamos para nossa segurança; o que realmente precisamos, necessitamos e temos para que isso aconteça. Caminhamos a passos largos para um caminho sem volta.

 

 

v    Assessor de Coordenador na Secretaria da Segurança Pública do Estado de SP

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

 

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