Com a definição das regras para o
saque dos recursos do FGTS, é possível ter uma dimensão mais exata sobre seus
impactos na economia e especificamente para o comércio. Os 42 bilhões de reais
distribuídos em R$ 30 bilhões este ano, R$ 10 bilhões no próximo ano e mais R$
2 bilhões de recursos do PIS/PASEP podem elevar em até 2,3% as vendas no
comércio ao longo deste período. Isso é claro na hipótese de todos os
consumidores retirarem os recursos limitados a 500 reais e gastarem no varejo.
Porém, é sabido que o nível de
endividamento e inadimplência no Brasil está elevado em decorrência da atual
situação econômica. Desta forma, é considerado que parte das famílias optarão
pelo pagamento de dívidas em atraso para limpar seus nomes. Mesmo que não vá
para o comércio no primeiro momento, o pagamento de contas atrasadas liberará
num segundo momento esse consumidor, agora adimplente, a voltar às compras. E o
lojista que tinha esse consumidor devendo, terá dinheiro para melhorar o seu
fluxo de caixa, pagando fornecedores e contas, abrindo espaço também para
investimentos. Ou seja, os benefícios serão imediatos e a médio prazo.
Por mais que pareça um limite baixo,
de R$ 500 reais, é necessário destacar que 80% das contas do FGTS têm valor
próximo a um salário mínimo. E o mais importante e que a FecomercioSP alertou
era que a liberação ocorresse para o final do ano e início do ano que vem, e
isso vai acontecer. O último trimestre a economia já deve mostrar sinais de uma
recuperação mais forte que a atual, com aumento da confiança dos consumidores e
empresários dada a aprovação da Reforma da Previdência e o encaminhamento de
outras medidas de estímulo à economia. A liberação será num momento oportuno em
que as engrenagens da atividade econômica estarão mais fortes.
E as vendas de Black Friday e Natal
devem sentir os efeitos desta liberação de recursos e para esse ano o impacto
máximo será de 1,6% nas vendas do varejo, com os 30 bilhões de reais. Isso dará
uma expectativa mais positiva para os varejistas para terem um final de ano com
crescimento de vendas e projetarem um 2020 mais favorável, sendo crucial para
decisão de demandar mais dos fornecedores e ampliar o quadro de funcionários.
Enfim, a FecomercioSP vê como uma
iniciativa – da liberação anual do FGTS - muito positiva para o estímulo a
economia e está sendo tomada ao mesmo tempo de outras medidas como a redução de
burocracias, ampliação da concorrência bancária para reduzir o custo do
capital, colocando as contas públicas na direção de sua sustentabilidade, entre
outras criam um ambiente de negócios mais positivo. Para que houvesse uma
postergação do anúncio, se pressupõe que o governo tenha conversado com o setor
da construção civil que utiliza parte do FGTS para financiar as obras. Assim,
tanto o comércio se beneficia e, ao que tudo parece, esse setor também tão
importante conseguirá manter o financiamento com uma parcela do saldo.
Além disso, em relação ao consumidor,
a Entidade sugere que quem tiver esta oportunidade de sacar os recursos que o
faça para em primeiro lugar quitar dívidas. Opte pelas contas das
concessionárias e as que têm juros mais altos. Use o dinheiro disponível para
negociar com os bancos, financeiras, comerciantes um valor mais baixo que dê
condições para depois de pagar, sobrar alguma coisa para consumir.
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