quinta-feira, 11 de abril de 2019

CONTEXTO | Além Da Notícia



 Por Sérgio Cursino

Das vantagens de ter 50+ | quando maturidade rima com dignidade

Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida extraordinária, minha família querida por menos cabelo branco ou uma barriga-tanquinho.
Enquanto fui envelhecendo, fui me tornando mais amável para mim, menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo.
Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou por comprar alguma coisa boba que eu nunca vou precisar. 
Eu tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante, meio louco, completamente sem noção – AMO SER ‘SEM NOÇÃO’. 
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogando no computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? 
Eu quero dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos Anos 70 e 80 -  e se ao mesmo tempo eu quiser chorar por um amor perdido, eu choro e tá tudo bem.
Se eu quiser, vou andar na praia num shortinho excessivamente esticado sobre um corpo decadente e mergulhar nas ondas com total abandono, apesar dos olhares penalizados dos outros – que afinal são só os outros.
Esses ‘OUTROS’ também vão envelhecer – ou morrem antes. 
Eu sei que sou às vezes esquecido, mas há algumas coisas na vida que devem ser esquecidas.  Eu me recordo das coisas importantes. 
Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado muitas vezes.
Como pode seu coração não se quebrar quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? 
Corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. 
Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Sou abençoado por ter vivido o suficiente pra ter meus escassos cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados pra sempre em sulcos profundos no meu rosto envelhecido. 
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. 
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. 
Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. 
Assim, pra responder sua pergunta, eu gosto de ter a certeza que estou ficando velho – O TEMPO ESTÁ SE MOVIMENTANDO... 
Eu gosto da pessoa que me tornei. 
Não vou viver pra sempre - mas enquanto ainda estou aqui, não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. 
E, se me apetecer, vou comer sobremesa todos os dias. 
ESTOU COMPLETAMENTE APAIXONADO PELOS MEUS MAIS DE 50...

Sérgio Cursino tem 55 anos.
É radialista desde 1977, começou na Difusora Pinda.
Jornalista e publicitário.

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