segunda-feira, 8 de julho de 2024

Aplicação dos conceitos da “Pirâmide de Maslow” na educação: um novo olhar para as necessidades dos estudantes


             A teoria das necessidades humanas foi desenvolvida na década de 1950 e foi popularizada como Pirâmide de Maslow. Elaborada pelo psicólogo norte americano Abraham Maslow (1908 – 1970) tem como finalidade separar as diferentes necessidades humanas como etapas de contínuas superações, desde o que venha a ser básico, até ao redirecionamento existencial para realização humana.

            Na base da pirâmide temos as necessidades básicas, divididas em fisiologia e segurança. 1) fisiologia – respiração, alimentação, hidratação, higienização e descanso; 2) segurança – saúde física e mental, ter moradia, ter estabilidade no relacionamento afetivo e na profissão. Superados as necessidades básicas, ao menos parcialmente, seguem-se as demais etapas: social, estima e realização pessoal. 3) social – ênfase na interação e no pertencimento grupal; 4) estima – status, auto estima, desejo de se sentir necessário, competente e respeitado; e 5) realização pessoal – sensação de evolução pela superação de desafios e concretização de sonhos.

            Para além de qualquer crítica de atualização conceitual da teoria das necessidades humanas, a Pirâmide de Maslow continua sendo uma eficaz ferramenta de análise da qualidade de ambientes profissionais. Transposto para o campo da educação, a teoria das necessidades humanas permite desenvolver um cuidadoso olhar sobre a realidade escolar, principalmente sobre os estudantes, sendo possível entender o que os motiva a estudar, garantindo robusta e significativa aprendizagem.

            Aplicados os conceitos da pirâmide de Maslow na educação temos: 1) fisiologia – importância de garantir infraestrutura para higiene pessoal e coletiva (banheiro limpo e equipado), hidratação e ventilação (garantia de água fresca na mesa da sala de aula de cada estudante), alimentação saudável na escola (sob acompanhamento da família e profissionais da educação) e uma gestão da sala de aula que permita ao estudante ter o seu horário de descanso (equilíbrio entre carga horária, atividades pedagógicas e descanso); 2) segurança – efetiva estrutura de segurança (monitoramento de câmeras, prevenção e manutenção de equipamentos, acessibilidade tátil nos pisos, contingente de profissionais da educação suficientes em toda a escola) e apoio psicopedagógico para todos os estudantes.

            Na terceira etapa – 3) social, propõe-se ações interativas e agregadoras de pertencimento institucional e social, e práticas didáticas colaborativas, a fim de oportunizar que o estudante contribua com a formação da turma; na quarta etapa - 4)  estima, é possível ofertar atividades extracurriculares, emitir elogios e feedback nos atos de avaliação de provas e atividades avaliativas, visando reconhecer o esforço do estudante e, ao mesmo tempo, estabelecer meios de que as habilidades dos estudantes sejam lapidadas pelos próprios estudantes.

            Por último, no topo da pirâmide, 5) realização pessoal – a etapa mais complexa por ser subjetiva para cada estudante, cabe ao professor em sala de aula e profissionais da educação no ambiente escolar estabelecerem um movimento de provocação em forma de perguntas e oferta de desafios pedagógicos, de modo que o estudante se perceba como pessoa que pode e deve colocar em prática seus objetivos e realizações, sentindo que está avançando na direção do que quer e deve fazer, dentro da moralidade e valor pessoal.

            Estudar o desenvolvimento contínuo do estudante no contexto escolar exige de toda a comunidade educativa mapear as necessidades humanas dos estudantes, bem como o que os motiva a estudar. Quando não há aprendizagem, cabe à rede de apoio escolar entender as possíveis causas e buscar as melhores soluções psicopedagógicas e sociais. Aplicação dos conceitos da Pirâmide de Maslow na educação é possível e é para hoje!

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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