Conhecido pelas obras
jurídicas e pela atuação no Ministério Público paulista, o deputado Fernando
Capez (PSDB) virou alvo do próprio órgão de origem sob acusação de supostamente
ter desviado R$ 1,1 milhão dos cofres públicos em conjunto com empresários de
uma cooperativa agrícola. Até a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal trancar o
processo, na terça-feira (26), reconhecendo falta de justa causa e indicando
abuso de autoridade no caso.
Em entrevista ao site da
ConJur, Capez negou que tenha tido qualquer encontro com pessoas envolvidas e
afirmou que, depois de dois anos esperando o resultado da Justiça, viu sua
imagem ser atingida por falsas acusações, delações forçadas por policiais e
membros do MP, vazamentos seletivos e lacunas nas informações apresentadas à
população durante o processo.
Ex-presidente da
Assembleia Legislativa, Capez considera ter sido visto como um “produto de
mídia”, que despertou a atenção da sociedade com notícias de suposta existência
de uma máfia na merenda escolar.
“O cargo que eu ocupava na
época produziu um produto de mídia muito bom, aquilo poderia ser utilizado como
um contraponto do que estava ocorrendo na ‘lava jato’: um procurador de
Justiça, deputado mais votado, presidente da Assembleia e tucano”, disse Capez
em sua entrevista.
“Embora sejam valores
incomparáveis, o tema merenda é um tema que choca, então esse assunto é
importante. Para a mídia desperta interesse, gera mais acesso a blogs, mais
jornais vendidos, mais audiência para televisão”, avaliou.
Para o deputado, há
prejuízo para a própria população: “se existe uma máfia da merenda, (...)
perderam dois anos e meio concentrados em tentar me destruir, difamar e me
afetar pessoalmente e politicamente”.
Essa entrevista foi feita
com o deputado antes da decisão do STF, quando ele ainda não sabia se
continuaria em andamento a ação penal aberta em maio de 2018 pelo Tribunal de
Justiça de São Paulo. No papel de réu, disse ter visto sua defesa cerceada e o
uso da delação premiada como instrumento de vingança. Apesar de críticas ao
Ministério Público, ainda defende o papel da instituição como um todo.
Na entrevista Capez ao ser
questionado sobre onde tinha erro da acusação ele disse: “Em primeiro lugar, a
população não foi informada de que as testemunhas que foram ouvidas no dia da
prisão, em janeiro de 2016, foram todas coagidas a falar o meu nome. A coação
foi confessada e delatada por todas estas testemunhas. Uma delas inclusive, que
foi denunciada, chegou a gravar em áudio toda a coação feita nos fundos da
delegacia de Bebedouro [município de São Paulo]. Àquela época, enquanto eu
estava viajando em férias com as minhas filhas, aqui no Brasil estavam numa
delegacia da cidade pegando testemunhas de ouvir dizer, que não tiveram nenhum
contato comigo, não me viram ou conversaram comigo, apontando o meu nome como
envolvido”.
Ele também disse que foi
coagido pela polícia no seu depoimento de 19 de janeiro de 2016 e afirmou que
quem redigiu a fala dele foi o promotor [Leonardo] Romanelli, sob ameaça de
prendê-lo. A população não sabe disso e acha que eu estou envolvido em um caso
no qual meu nome foi colocado por uma pessoa que eu nunca vi na vida.
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