sexta-feira, 19 de junho de 2020

A FARRA COM O DINHEIRO DO CORONAVÍRUS

DR Julielton Modesto advogado e jornalista


                Um dos principais males na política brasileira é o “vírus” chamado corrupção, que precisa ser combatida de todas as formas possíveis. A fiscalização não cabe apenas aos nossos representantes do Poder Legislativo (Vereadores e Deputados – Estaduais e Federais), nem somente aos Promotores de Justiça, mas a todo e qualquer cidadão.
                Aliás, o princípio constitucional da Transparência, que deve ser adotado por todas as esferas da Administração Pública, é o que torna possível essa fiscalização.
                Nesse sentido, os entes governamentais precisam manter o Portal da Transparência em dia para que seja possível, localizar as receitas e as despesas públicas, sob pena de incorrerem em flagrante improbidade administrativa quando não dão publicidade aos gastos públicos. Entretanto, fato é que comumente os políticos adotam medidas que buscam dissimular determinado desvio e/ou emprego irregular de verbas públicas, sendo necessária uma intervenção de profissionais técnicos e com maior poder de coerção para verificar – a fundo – uma eventual irregularidade.
                Feito esse breve resumo, temos que infelizmente diversos Estados e Municípios estão sofrendo investigação em relação ao emprego das verbas relacionadas ao combate à disseminação do COVID-19.  E, em Pindamonhangaba, numa simples consulta ao Portal da Transparência, algumas situações nos saltam aos olhos, as quais já foram alvo de denúncia ao Ministério Público, tais como a aquisição de bens e produtos não relacionados efetivamente ao combate do Coronavírus, com dispensa de licitação, o que pode configurar emprego irregular de verba pública.
                Outra situação, é que a Prefeitura teria pago o valor unitário de R$ 13,20 em máscara N95, cujo valor custa em média de R$2,00, conforme consta na decisão do Tribunal de Justiça que suspendeu a compra realizada pela Prefeitura de Guarulhos, que contratou a aquisição a preço unitário de R$ 6,20.
                Por falar em máscaras, a Prefeitura celebrou um contrato de aproximadamente R$ 250mil com uma empresa de fabricação de uniformes, que tem em seu quadro societário, um ex-secretário municipal e atual presidente de partido político coligado com o Prefeito. Isso é – no mínimo – uma afronta ao princípio da moralidade.
                Ainda que a ANVISA tenha liberado a fabricação de máscaras por empresas, é preciso seguir rigorosamente as diretrizes estabelecidas na RDC específica, estando a empresa sujeita à fiscalização da ANVISA.
                E agora, sem o Rafael Lamana à frente da Vigilância Sanitária, podemos esperar uma eficaz fiscalização? Sem o servidor Lucio, no departamento de licitações, podemos esperar um processo licitatório com o rigor que a legislação exige?
                O pior de tudo, nesse cenário todo, é o silêncio dos vereadores.
De qualquer forma, continuemos a fiscalizar!!!

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