quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O Layout da sala de aula escolar: do simbólico ao concreto na educação



O Layout consiste em uma forma de dispor os objetos e elementos pertencentes ao ambiente. No campo da arquitetura educacional, o layout da escola e sala de aula dão forma à intencionalidade pedagógica apontada nos documentos institucionais, principalmente o Projeto Político Pedagógico, construído coletivamente pela comunidade escolar, a fim de maximizar o processo de ensino e aprendizagem, unindo o simbólico, que reforça a identidade escolar, ao concreto, que materializa o conhecimento idealizado.

Na segunda metade do século XVIII, movido pela Revolução Industrial, os grandes centros urbanos da Europa começaram a construir escolas maiores, para atender o fluxo migratório do êxodo rural. Com a exigência de instruir a população para produzir de maneira acelerada, a construção das escolas reproduziu em sua infraestrutura o modelo neoclássico de pensar e agir, que primava pela racionalidade, objetividade, equilíbrio e harmonia geométrica em sua estrutura, entendendo que o modelo arquitetônico neoclássico oferecia o modo de pensar correspondente ao trabalho e processo fabril da época. Havia ali, uma completa instrumentalização da escola pelo capital econômico, enquanto símbolo arquitetônico, reforçando princípios progressistas e liberais de natureza política.

Sobre o mobiliário da sala de aula, até tempos recentes, era pesado o suficiente para não ser movimentado, com nítido simbolismo da rigidez do ensino escolar. Era posicionado em formato de fila, cujos estudantes deveriam estar voltados para frente, apenas ouvindo o professor. Tal representação de ordem e disciplina, consiste na reprodução do modelo fabril do subordinado receber ordens e executá-las sem questionar. Na atualidade, ao se observar carteiras enfileiradas na sala de aula, pode-se concluir que ali sobrevive o modelo de ensino tradicional, com predominância da aula expositiva; ao contrário, quando se observa a sala de aula com mobiliário em formato de semicírculo ou em agrupamentos diversos, cabe festejar, porque há ali, um planejamento pedagógico estratégico, com intencionalidade pedagógica flexível, dinâmica e aderente ao conceito de educação emocional e metodologias ativas, com foco nos estudantes.

Em pesquisa realizada em 2015, pela Building and envioronment, foi publicado que a mudança periódica de design da sala de aula pode aumentar o rendimento da aprendizagem do estudante em até 16%, considerando fatores como qualidade do ar, iluminação adequada, ventilação, mobiliário flexível, cores estimulantes, decoração e segurança. Com foco nas pessoas, estudante e professor, a elaboração do projeto de sala de aula requer a máxima atenção em seu bem-estar. Pode-se realizar, também, uma sala de aula multimodal, mesclando o espaço com finalidades complementares, tais como: 1) sala de aula com centro de pesquisa científica, 2) sala de aula com biblioteca, 3) sala de aula com cabines privativas, 4) sala de aula com estação de trabalho com computadores, 5) sala de aula com mesas de trabalho colaborativo, entre outros tipos de sala de aula, cuja finalidade é maximizar o potencial de aprendizagem dos estudantes, que aprendem de diferentes maneiras.

Certos de que um layout mal planejado ou mal conservado pode gerar abandono e baixo rendimento do estudante, pelo quanto este não se sente estimulado a aprender nesse ambiente, cabe aos dirigentes da escola, entre gestores e mantenedores, e conselho de classe de professores, sempre se colocar de forma literal no lugar do estudante em sala de aula, para entender, in loco, o contexto de ensino e aprendizagem vivido pelo estudante, sentindo a ventilação, o ângulo e a distância da lousa, qualidade da iluminação, acomodação do assento, a fim de obter diagnósticos precisos da infraestrutura, e assim, apresentar soluções com foco no estudante. Layout educacional eficaz e eficiente é possível e é para hoje!

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara” e Avaliador do MEC/Inep para cursos de graduação.

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