terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Empreendedorismo Educacional: Alavanca da Educação 4.0

 


Empreender consiste em identificar oportunidades para novos negócios, com potencial de crescimento, requerendo capital financeiro e intelectual. Pode ser desenvolvido sob a perspectiva tradicional ou social, em que o primeiro visa exclusivamente o lucro da empresa, e o segundo está voltado para ações econômicas solidárias, normalmente conduzidas por Organizações da Sociedade Civil (OSC). Nos modelos de empreendedorismo tradicional e social está presente o empreendedorismo educacional, também conhecido como educação empreendedora, que consiste na aplicação de princípios empreendedores no contexto da educação.

De acordo com o Termo de Referência em Educação Empreendedora do SEBRAE (2020), a educação empreendedora promove o interesse dos alunos e os torna mais motivados para aprender. Terminologia também prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para a Educação Infantil e Ensino Fundamental desde 2019 e para o Ensino Médio desde 2022, apontando que cabe à escola “proporcionar uma cultura favorável ao desenvolvimento de atitudes, capacidades e valores que promovam o empreendedorismo”, tais como: criatividade, inovação, organização, planejamento, responsabilidade, liderança, colaboração, visão de futuro, entre tantas outras competências essenciais para garantir o desenvolvimento pessoal e coletivo, podendo ser aplicado em forma de conteúdo disciplinar (disciplina específica de empreendedorismo), conteúdo interdisciplinar (componentes agrupados por disciplinas), e projetos extraordinários (no período de aula regular ou contra turno escolar), a fim de disseminar uma cultura empreendedora entre os estudantes de todas as etapas da educação básica.

Para alguns educadores, no entanto, a implantação do empreendedorismo educacional na educação básica consiste em uma articulação de governo, representada pela classe empresarial e setores dominantes da sociedade, com o intuito de adequar a classe trabalhadora com o projeto capitalista neoliberal de sociedade. Outro sinal de alerta, segundo dados da pesquisa realizada pela rede globo, em 2022, revelou que 56% dos professores ainda não haviam aplicado educação empreendedora em sala de aula, em que 46% dos entrevistados apontam a falta de tempo para inclusão no conteúdo obrigatório; 40% indicam falta de interdisciplinaridade; 25% afirmam não ter conhecimento sobre o tema, e 70% afirmam nunca ter recebido nenhuma capacitação sobre o trabalho com competências socioemocionais.

No contexto da educação 4.0, learning by doing – aprender fazendo, é o conceito orientador de toda a estrutura educacional mundial, que por sinal, é naturalmente empreendedora. Compreende-se, nesse contexto, aprendizagem acelerada com apoio de aplicativos de inteligência artificial, aprendizagem personalizada e baseada em projetos, cuja imersão específica de campo e análise de dados são usadas para apontar tendências futuras; torna-se, portanto, absolutamente necessário uma política de capacitação e treinamento sobre a cultura Maker para todos os profissionais da educação, a fim de haver correspondência entre excelência profissional de alta performance, ensino de qualidade da educação 4.0, e aprendizagem significativa dos estudantes, sob uma perspectiva de educação integral.

Em suma, para garantir a implantação do empreendedorismo educacional nas escolas, no contexto da educação 4.0, mais do que um plano de negócio administrativo, far-se-á necessário recuperar a crença e a confiança de que a educação é importante, e que, a partir dela, é possível melhorar as condições de vida na sociedade. Empreendedorismo educacional, no contexto da educação 4.0 é possível e é para hoje!

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara” e Avaliador do MEC/Inep para cursos de graduação.

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