quarta-feira, 14 de outubro de 2020

CONTEXTO / ALÉM DA NOTÍCIA

 

Por: Sérgio Cursino

 

 

TENSÃO | sobre o perigo da intensidade constante

 

 

Já fui completamente absorvido pelo fazer, fazer, fazer, fazer, fazer.

Só me sentia em paz fazendo, criando, elaborando ideias, argumentando, construindo conteúdo, produzindo – sem parar.

 Na verdade nunca parava, nunca me divertia completamente, nunca me desligava, nunca relaxa ao ponto de me desconectar do que faço.

 Sempre havia um trabalho, sempre tudo tinha relação com o trabalho.

 De repente percebi o quanto isso era prejudicial para mim e pessoas de minha intimidade.

 Mudei.

 Entendi o quanto isso era devastador para minha vida.

 Agora vivo aquele momento em que quero ser capaz de apenas viver um dia, um mês, um ano – ou mesmo uma vida inteira – sem precisar que isso se transforme numa boa história.

 Fui um obcecado pelo fazer. Isso passou. Chega!

 Se eu nada tiver pra te contar quando nos encontrarmos e você me perguntar o que vem acontecendo, quero poder – com tranquilidade – não ter nada pra te contar.

 Vai ser divertido, talvez engraçado até – e natural.

 

Quero ser capaz de ocupar todos os espaços da minha vida e fazer com que isso seja suficiente.

 Sem sentimentalizar pessoas e episódios.

 Não sou surpreendente o tempo todo.

 Não sou criativo o tempo todo.

 Não sou interessante o tempo todo.

 Não sou envolvente o tempo todo.

 Não sou convincente o tempo todo.

 Hoje meu maior compromisso é ser um homem comum em paz consigo mesmo.

 Isso me basta completamente.

  

Sérgio Cursino

 


Jornalista, Radialista, Publicitário

 

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