terça-feira, 21 de março de 2023

Modelo de aprendizagem 70 20 10: da gestão de negócios para o campo da educação escolar

Rodrigo Tarcha Amaral de Souza,



Há décadas cientistas do campo das Ciências Humanas estudam sobre o modo que o ser humano apreende as informações. Mais recentemente, na década de 1990, popularizou-se no campo dos negócios, o modelo de aprendizagem chamado 70 20 10, consistindo em uma combinação percentual de três maneiras de aprendizagem: 1) aprendizagem com experiência própria; 2) aprendizagem com outras pessoas; e 3) aprendizagem formal. Voltado ao ambiente profissional, 70% do conhecimento adquirido é proveniente da prática da experimentação, da superação de desafios e resolução de problemas do cotidiano; 20% do conhecimento adquirido é fruto da troca e compartilhamento de boas práticas entre os colaboradores do setor e nicho produtivo; e 10% do conhecimento adquirido resulta do estudo formal acadêmico e científico, por meio de cursos, vídeos, livros, entre outros meios.

Embora seja questionável a abrangência desse modelo de aprendizagem no campo dos negócios, são percentuais de aprendizagem representativos da maneira que cada pessoa apreende as informações, a fim de ampliar os seus conhecimentos, sobretudo profissionais. Uma vez implantado, o modelo de aprendizagem 70 20 10 proporciona aumento da motivação dos colaboradores, à medida que se percebem qualificados e em condições de colocar em prática os estudos e experiências adquiridas no cotidiano, tornando-se mais produtivos, e, consequentemente, mais engajados institucionalmente.

Trasladado esse modelo de aprendizagem do campo dos negócios para a educação, torna-se factível implantar processos formativos para toda a coletividade escolar, como estudantes, colaboradores e membros da comunidade educativa, tornando o conhecimento do campo escolar completo para todos os envolvidos no meio escolar, havendo, inclusive, mensuração de resultados. Para qualquer liderança, seja no campo dos recursos humanos, gestão escolar, professorado em sala de aula, e monitoria de estudo entre estudantes, far-se-á necessário proporcionar o contexto ideal para cada uma das etapas.

Neste sentido, tenhamos como exemplo um estudante de ensino regular que permanece 30 horas de estudo semanal no ambiente escolar, que, via de regra, adquiri conhecimento restrito aos 10% do modelo de aprendizagem 70 20 10, por meio exclusivo de aulas expositivas e vídeo-aulas; já sob a ótica profissional no ambiente escolar, tenhamos como exemplo um colaborador com  jornada de trabalho de 40 horas na semana, que costuma adquirir conhecimento entre 20% e 70% desse modelo, a partir do estrito cumprimento da rotina de trabalho. Há, portanto, uma excelente oportunidade de repaginação do processo produtivo escolar, de modo que todos os estudantes e colaboradores adquiram amplo e completo conhecimento por meio de todos os percentuais desse modelo de aprendizagem. Em suma, o modelo de aprendizagem 70 20 10 não é uma fórmula mágica, mas pode garantir excelência educacional de modo gradual.

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”; Mestre e Doutor em Educação.

 



 

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