quarta-feira, 29 de abril de 2020

SEGURANÇA PÚBLICA SE FAZ COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS



                Ítalo Mantovani*


            A capital do Estado de São Paulo terminou o mês de março com redução nos casos de vítimas de homicídios e nos estupros. Os furtos de veículos, os furtos em geral, os roubos de veículo e de carga e as extorsões mediante sequestro também caíram. Com as reduções, as taxas de homicídio, referente aos últimos 12 meses (de abril de 2019 a março de 2020) foram as menores já contabilizadas pela série histórica. Foram 5,54 casos e 5,85 vítimas a cada 100 mil habitantes. As ocorrências de estupros apresentaram recuo de 8% ou, em números absolutos, de 19 casos. O total desta modalidade criminosa passou de 238 para 219 na comparação dos meses de março de 2019 e de 2020.
            A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN) acompanha a capital do Estado. Em roubos (sem contabilizar o roubo a carga e a banco) nossa região apresentou uma queda de 17% comparando março de 2019 com março de 2020, para roubo e furto de veículos essa queda foi de 35,6%, mas no indicador de vítimas de letalidade violenta (engloba vítimas de homicídios e latrocínios), há um aumento de 6 vítimas em 2020 comparando com 2019. Analisando o primeiro trimestre de 2020, nossa polícia continua fazendo mais com menos. Entre janeiro a março de 2020 foram registrados em nossos 39 municípios 1.674 ocorrências de roubos contra 1.771, ou seja, uma diminuição de 2,16%; em roubo e furto de veículos foram 1.447 boletins de ocorrências realizados em 2019 e 995 em 2020, uma redução de aproximadamente 32%. Infelizmente em vítimas de letalidade violenta a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte ficou com três vítimas a mais que 2019. Esses dados podem ser acompanhados por qualquer cidadão. A secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo acompanha e pública essas e outras informações mais detalhadas de diversos tipos de delitos cometidos em seu território, em períodos definidos, o que possibilita que seja elaborado de forma abrangente o panorama da segurança e da população de cada município paulista.
            Com os dados de segurança pública à disposição de todos, as discussões e estudos relacionados à segurança pública no Brasil necessitam ser ampliados, e também que as três esferas de governo e a sociedade civil estejam integradas. Em 2009 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizou um estudo sobre a percepção de segurança da população a nível nacional (a única pesquisa sobre percepção de segurança realizada até então).  Pela pesquisa 21% da população brasileira se sente insegura dentro de sua própria casa, no seu bairro essa porcentagem sobe para 33% e na sua cidade 47% da população não se sente segura. Percebe-se que a sensação de segurança não está ligada apenas com a segurança, mas fatores como urbanização, saneamento, serviços públicos de qualidade afetam essa percepção. O reconhecimento da contribuição da segurança pública para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para áreas de urbanização, social, econômica e cultural tem atraído o interesse de estudos e pesquisas na área do desenvolvimento regional. A exclusão territorial aglutinada com a violência torna os indivíduos, famílias e comunidades particularmente mais vulneráveis, não adianta investir só em segurança, exigir cada vez mais da nossa polícia se outros fatores não são mudados.
            A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN) concentra aproximadamente 6% da população do Estado, tem uma alta participação no Produto Interno Bruto (PIB), de aproximadamente 4%. Falta para os municípios uma política pública de segurança pensada para nossa Região, entendendo quais são os nossos gargalos e ameaças. E a partir desse ponto construir um caminho que ajude tanto o cidadão a ter uma percepção de segurança mais elevada onde quer que ele esteja, como nosso policial seja valorizado, não só com salário, mas com conhecimento da população. Diminuir indicadores estamos diminuindo, ano após ano. Contudo, a segurança precisa de outros fatores para se manter equilibrada e prospera. A culpa não pode cair só na Secretaria da Segurança Pública e especificamente em nossos policiais quando as ocorrências começarem a crescer. Temos canais como os Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG’S) para fazer a ponte entre bairro, cidade com a Secretaria de Segurança Pública. Precisamos mais de participação e menos reclamação.
           
           
v  Assessor de Gabinete na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP
Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional
Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo
Contato: italocmantovani@gmail.com


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