Monitoramento e mensuração do trabalho são
práticas contínuas da gestão de negócios que visam manter a produtividade,
segurança, controle de estoque, entre outros motivos de ordem gerencial. Lisura
e integridade da empresa são vitrines fundamentais na sociedade e estão sob a
responsabilidade do empregador, que, ao utilizar instrumentos de monitoramento
e mensuração da produtividade institucional, proporciona dados para análise e,
ao longo do tempo, indicadores suficientes para avaliação dos planos
estratégico, tático e operacional da empresa. Acompanhar o processo produtivo e
performance profissional requer observância a aspectos legais, a fim de não infringir
a legislação, principalmente a liberdade e moral do colaborador.
Entende-se
por monitoramento o acompanhamento de qualquer assunto por diversos meios e
ferramentas, podendo ser constante com utilização de câmeras de vídeo,
softwares próprios da empresa e e-mail corporativo, ou de modo periódico, por
meio de auditorias, balanços financeiros e relatórios diversos. Por mensuração,
compreende-se uma avaliação do valor intrínseco de algo e sua respectiva
variação, por meio de diversos instrumentos. No campo dos negócios, tanto o
monitoramento quanto a mensuração de grandeza são realizados sob a perspectiva
utilitária e pragmática, como resposta à dinâmica volátil do mercado
consumidor. Transposto os conceitos de monitoramento e mensuração do campo dos
negócios para o campo da educação, percebe-se, grosso modo, certa dicotomia,
pelo fato de haver monitoramento da educação, sem suficiente e adequada mensuração
dos processos de ensino e aprendizagem.
A educação nos âmbitos federal,
estadual e municipal é monitorada por processo censitário e ferramentas
tecnológicas que compilam dados educacionais; já a aprendizagem é mensurada por
exames que apontam o nível da aprendizagem do estudante por etapa de ensino. Sem
maiores dados estatísticos, observa-se acelerado processo de digitalização da
educação, resultando em maior monitoramento da educação em larga escala, em
detrimento da mensuração da aprendizagem escolar de forma holística, que por
sinal, mantém-se consolidada como classificatória. Permanece, nesse caso, o sinal
de alerta com a embrionária mercantilização da educação básica, por atrelar
fortemente a aprendizagem à instrumentos de monitoramento, tais como
plataformas educacionais, que, de recursos complementares, passam a ser instrumentos
oficiais de aprendizagem.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB, 1996), em seu artigo 24, diz que “a verificação da
aprendizagem deve ser contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre o quantitativo”. Nesse sentido, uma mensuração da
aprendizagem se torna completa com o olhar atento e apontamento qualificado do
gestor da sala de aula – o professor, que, amparado por instrumentos
avaliativos diversos sob a perspectiva holística, como projetos extraclasse e
histórico do rendimento escolar, além de apoio de equipe multidisciplinar que
forneça parecer descritivo sobre o comportamento e dimensão emocional do
estudante, pode apontar sobre uma real mensuração da aprendizagem do estudante,
tornando a educação verdadeiramente integral.
A mensuração da aprendizagem conta
com análise de atividades colaborativas, mas será sempre personalizada, por
compreender o processo de desenvolvimento de cada estudante, que tem gaps de
aprendizagem, pré-disposições psíquicas e sociais para se engajar mais
facilmente a determinado método e instrumento avaliativo, bem como
identificações com diferentes componentes curriculares, competências e
habilidades a serem melhoradas e/ou potencializadas. Monitoramento imparcial da
educação e mensuração da aprendizagem escolar de forma holística é possível e é
para hoje.
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia e Pedagogia, Mestre e
Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.