segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

UMA MULHER ASSASSINADA A CADA 10 MINUTOS NO MUNDO

 



Ítalo do Couto Mantovani*

 

Globalmente, 85.000 mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em 2023. Desses homicídios, 60% (51.000) foram cometidos por um parceiro íntimo ou outro membro da família. Isso equivale a 140 mulheres e meninas mortas todos os dias por seus parceiros ou parentes próximos, ou seja, uma mulher ou menina assassinada a cada 10 minutos.

As mortes de mulheres e meninas relacionadas ao gênero (feminicídio) são a manifestação mais brutal e extrema da violência contra mulheres e meninas. Definido como um assassinato intencional com motivação relacionada ao gênero, o feminicídio pode ser impulsionado por estereótipos de papéis de gênero, discriminação contra mulheres e meninas, relações desiguais de poder entre homens e mulheres ou normas sociais prejudiciais. 

Lançado no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, em 25 de novembro de 2024, os dados alarmantes do relatório trazem uma urgência renovada a essa emergência global. , a África registrou as maiores taxas de feminicídios relacionados a parceiros íntimos e familiares, seguida pelas Américas e pela Oceania. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres assassinadas no ambiente doméstico (64% e 58%, respectivamente) foram vítimas de parceiros íntimos, enquanto em outras regiões os principais agressores foram membros da família.

A violência contra a mulher cresceu no Brasil em 2023, pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, o número de feminicídios subiu 0,8% em relação ao ano anterior foram 1.467 mulheres mortas por razões de gênero, o maior registro desde a publicação da lei que tipifica o crime, em 2015. O perfil das mulheres mortas de forma violenta permanece estável. As principais vítimas são negras (66,9%), com idade entre 18 e 44 anos (69,1%). O anuário destaca que os casos de feminicídios não são distribuídos de forma homogênea pelo país. Enquanto a média nacional é de 1,4 mulheres mortas por grupo de 100 mil mulheres, 17 estados têm números mais altos, como Rondônia (2,6), Mato Grosso (2,5), Acre (2,4) e Tocantins (2,4). Por outro lado, estão abaixo da taxa brasileira Ceará (0,9), São Paulo (1,0), Alagoas (1,1) e Amapá (1,1).

A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo divulga os dados de feminicidios, porém sem detalhamento como os outros indicadores criminais, isto é, por município. Publicado de forma ampla, os dados contemplam a capital do estado, a região macro da capital o interior como um todo e o número total no estado. Comparando 2022 com 2023 temos um aumento tanto no estado como um todo, de 13% (26 casos) e no interior também, com aumento de 19% (22 casos). Para complementar esse dado, o Brasil realizou a pesquisa "Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio", feita pelo Instituto Patrícia Galvão e Consulting do Brasil, apontando que para 9 em cada 10 entrevistadas, todo feminicídio pode ser evitado se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Duas em cada 10 mulheres já foram ameaçadas de morte pelo parceiro ou ex-companheiro, Segundo o Instituto. Pelos estudos, é possível estimar que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio.

Em suma, como afirma a diretora da ONU, a violência contra mulheres e meninas não é inevitável, ela é prevenível. Precisamos de legislação robusta, coleta de dados aprimorada, maior responsabilidade governamental, uma cultura de tolerância zero e mais financiamento para organizações de direitos das mulheres e órgãos institucionais.

 

* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da Coordenadoria da Atividade

Delegada – Secretaria de Governo Municipal da Cidade de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Graduando e História pela USP

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

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