segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Ensino de música e musicalização escolar: de recreação à método de ensino


 


             A música é compreendida e assumida de maneiras diversas em cada época vivida. Como definição mais aceita, é uma ciência e arte, na condição de linguagem universal, bem como manifestação artística e cultural. É também um meio de expressão de sentimentos de cada povo, transmitindo influências sentimentais e psicológicas de geração em geração. Em uma lógica de programação mental, é possível ousar dizer que somos, pensamos e fazemos o que ouvimos, pelo quanto há identificação entre a mente da pessoa e as influências externas recebidas.

            No Brasil, restringindo-se ao campo da educação, a música é utilizada desde o período colonial pela Companhia de Jesus, como forma de atrair mais fiéis para a religião cristã de matriz católica, bem como instrumento de evangelização educacional, ou, em termos atuais, ensino religioso. Seguindo a linha história, o ensino de música foi regulamentado por decreto real, em 1854, mantendo-se, porém, como recreação, manifestação artística e controle dos alunos, uma vez que não havia profissionais formados em música para lecionar. Apenas em 2008, com a promulgação da lei n: º 11.769, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica, tornou a música um conteúdo obrigatório na grade curricular de Arte, embora não exclusivo.

Próximo de completar duas décadas da promulgação da lei n: º 11.769, o ensino de música ainda passa por dificuldades estruturais para ser efetivamente inserido na grade curricular de Arte, haja vista existir na sociedade brasileira atual um hiperfoco nos componentes curriculares de língua portuguesa e matemática, expressiva precarização de recursos e aparatos musicais nas escolas regulares, ausência de profissionais licenciados na área musical, e banalização da cultura musical no ambiente escolar, resultando em um pseudo ensino musical.

            Sob amparo da legislação educacional, o ensino de música e musicalização escolar contribuem para o desenvolvimento humano, desde a etapa da educação infantil, por aumentar a sensibilidade da audição, coordenação motora, socialização, respeito a si próprio e aos outros, raciocínio lógico, disciplina, equilíbrio emocional entre outros atributos. Também para etapas de ensino mais avançadas como anos iniciais e finais do ensino fundamental, e ensino médio, proporciona cooperação, criticidade, realização pessoal e profissionalização. Pelos benefícios apresentados, é conclusivo o entendimento da importância da musicalização na escola.

            Cabe recordar que a musicalização na escola, seja por meio de ensino de música como conteúdo da disciplina de Arte, seja como prática didática em sala de aula, requer sinergia de todos os profissionais da educação pertencentes ao ambiente escolar, que, ao vincular a música ao conteúdo regular e valores socioculturais, poderão sentir, refletir e debater qualquer tema escolar, tornando a musicalização escolar um método de ensino. Ensino de música e musicalização escolar é possível e é para hoje!

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário