segunda-feira, 27 de maio de 2024

PINDAMONHANGABA E A SEGURANÇA PÚBLICA



 

Ítalo do Couto Mantovani*

 

No Brasil é comum que o debate sobre segurança pública fique concentrado em torno das polícias e das prisões. No entanto, se ampliarmos o espectro e incluirmos ações que lidam com as causas da violência, veremos que a agenda da segurança vai muito além desses tópicos. De maneira geral, podemos afirmar que existem diversas teorias sobre as causas da violência. Algumas delas tratam de escolhas pessoais, outras focam em fatores sociais, como as desigualdades.

Há ainda aquelas que centram a explicação em condições ambientais, como o nível de desenvolvimento urbano, e as que se concentram nos mecanismos de controle, como a dissuasão. A diversidade dessas teorias mostra que a violência é um fenômeno com diferentes causas e, portanto, uma abordagem que busque atuar sobre elas precisa agir em diversas dimensões. Estudos realizados por meio de comparação com outras cidades, estados e países mostram que para melhora de segurança uma região segura terá de contemplar diferentes dimensões e, por isso, a agenda de qualquer secretaria de segurança precisa pensar em três eixos: “As pessoas”: nesse eixo estão concentradas as ações que lidam com os fatores de risco individuais e sociais, também conhecidas como prevenção social; “Os territórios”: agrega as ações voltadas para melhoria da infraestrutura das cidades e dos espaços públicos urbanos, atuando sobre as condições ambientais que favorecem a criminalidade. É o que chamamos de prevenção situacional; e, por fim, “O controle e a aplicação da lei”: diz respeito às estruturas de controle e fiscalização do bem público e das condutas individuais e coletivas em nossas cidades, concentrando-se nas ações e nos aparatos de dissuasão e aplicação da lei.

            Pesquisa realizada pelo Instituto Quaest, no último trimestre de 2024 indica que a maioria dos brasileiros sente a piora na segurança pública. O Brasil, em dados globais, mostrou que pela percepção dos entrevistados a violência aumentou em 79% nos últimos 12 meses; 15% acreditam que ficou igual no mesmo período; e 4% creem que diminuiu. Por outro lado, para a Região Sudeste, especificamente, 81% acreditam que aumentou; 13% que ficou igual; e 3% que diminuiu, isto é, uma piora em todos os indicadores em relação ao Brasil. A pesquisa ainda mostrou que metade dos entrevistados já foi assaltado, furtado ou roubado ao menos uma vez na vida e que 85% das pessoas conhecem alguém que já passou por isso.

            Confrontando essas duas informações, agenda de qualquer secretaria de segurança pública/urbana e percepção de segurança em todo Brasil, com nosso município temos no principal indicador, taxa de vítimas de homicídios, com alto impacto social, econômico, midiático e de percepção, em que o Estado de São Paulo apresenta uma taxa por 100 mil habitantes na casa de 5,98 (de abril de 2023 a março de 2024), a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN), com 39 municípios e uma população de aproximadamente 2,5 milhões de habitantes expõe uma taxa de 12,94 vítimas de homicídios por 100 mil habitantes, a maior taxa de todas as regiões do Estado. Por sua vez, Pindamonhangaba não fica atrás. Com uma taxa no mesmo período de 13,29 vítimas de homicídios por 100 mil habitantes, isto é, com uma população de pouco menos de 170 mil habitantes. Olhando de maneira mais detalhada o portal da prefeitura do município e principalmente a parte da Secretaria da Segurança Pública, que de 2023 para 2024 teve um orçamento expandido em mais de 18 milhões de reais (141%) de um ano para o outro. O portal não apresenta um diagnóstico da cidade, uma central de indicadores, um acompanhamento das políticas públicas voltadas para a área, muito menos as avaliações das ações feitas em todo município.

 

* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da Coordenadoria da Atividade

Delegada – Secretaria de Governo Municipal da Cidade de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Graduando e História pela USP

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

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