quarta-feira, 17 de abril de 2024

Instituições Sociais na Atualidade: flexíveis e insubstituíveis



            Instituições são organizações da sociedade, que visam atender as necessidades das pessoas. Podem ser de natureza pública ou privada e são regulamentadas por leis e estatutos que delimitam seus poderes e finalidade. Sob a perspectiva moral, as instituições tradicionais como família, escola, igreja, trabalho e estado, garantem coesão social, por meio do seguimento de regras e incorporação de valores humanos, tornando-se núcleos de integração social.

Em um tempo de natural disrupção no campo da tecnologia, dificilmente as instituições são mantidas em sua concepção e modo de exercer influência na sociedade. Tornaram-se líquidas e porosas, não tendo mais em seu cerne as tradicionais determinações morais e ritualísticas de outrora. Adotam-se, na atualidade, arranjos flexíveis em todas as instituições.

Parece até um paradoxo o cenário de perda da referência das instituições tradicionais, como se fossem antiquadas, mas, ao mesmo tempo, serem solicitadas e absorvidas para suprir a carência de pertencimento institucional. Afeiçoar-se a um grupo é natural e recomendável para reforçar a própria identidade; surge, porém, um sinal de alerta à saúde mental quando ocorre despersonalização ao assumir para si a identidade do grupo, sobretudo quando esta vai tomando novas finalidades, até diferentes de sua origem fundacional.

Nesse contexto, é comum observar instituições cooptadas pelos seus líderes, que as utilizam como instrumento de poder, resultando em manipulação dos demais membros do grupo. Um exemplo não muito incomum é o ato de uma agremiação de torcedores, grupos partidários e religiosos quando se deixam guiar por práticas intolerantes oriundas de polarizações radicais, revelando ausência da concepção de pessoa e desvirtuamento dos valores da instituição seguida. Esta, por sinal, mostra-se absorvida como instrumento de poder, tornando-se um álibi da intencionalidade e ação humana.

Compreendido que as instituições tradicionais apresentam novas roupagens, mas são utilizadas como instrumento de poder humano, urge desocupar os territórios institucionais de prováveis projetos de poder instalados, para permitir que cada lugar seja aquilo a que se propõe, ou seja, que uma instituição familiar seja uma família fraterna, e não uma agremiação vazia de pessoas que se somam para cumprimento de desejos particulares; que uma instituição escolar seja um espaço de aprendizagem livre, e não um depósito ideológico, valendo o mesmo para os campos do trabalho, estado e religião, cujas instituições são naturalmente agregadores sociais, e não desagregadores polarizados.

Em suma, as instituições se transformam a cada novo tempo, mas sempre serão necessárias para gerar pertencimento social e fortalecimento identitário. Instituições educativas e humanizadas são fundamentais na atualidade. É possível e é para hoje!

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara” e Avaliador do MEC/Inep para cursos de graduação.

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