Instituições
são organizações da sociedade, que visam atender as necessidades das pessoas.
Podem ser de natureza pública ou privada e são regulamentadas por leis e
estatutos que delimitam seus poderes e finalidade. Sob a perspectiva moral, as
instituições tradicionais como família, escola, igreja, trabalho e estado,
garantem coesão social, por meio do seguimento de regras e incorporação de
valores humanos, tornando-se núcleos de integração social.
Em um tempo de natural disrupção no campo da tecnologia, dificilmente as instituições são mantidas em sua concepção e modo de exercer influência na sociedade. Tornaram-se líquidas e porosas, não tendo mais em seu cerne as tradicionais determinações morais e ritualísticas de outrora. Adotam-se, na atualidade, arranjos flexíveis em todas as instituições.
Parece
até um paradoxo o cenário de perda da referência das instituições tradicionais,
como se fossem antiquadas, mas, ao mesmo tempo, serem solicitadas e absorvidas
para suprir a carência de pertencimento institucional. Afeiçoar-se a um grupo é
natural e recomendável para reforçar a própria identidade; surge, porém, um
sinal de alerta à saúde mental quando ocorre despersonalização ao assumir para
si a identidade do grupo, sobretudo quando esta vai tomando novas finalidades,
até diferentes de sua origem fundacional.
Nesse
contexto, é comum observar instituições cooptadas pelos seus líderes, que as
utilizam como instrumento de poder, resultando em manipulação dos demais
membros do grupo. Um exemplo não muito incomum é o ato de uma agremiação de
torcedores, grupos partidários e religiosos quando se deixam guiar por práticas
intolerantes oriundas de polarizações radicais, revelando ausência da concepção
de pessoa e desvirtuamento dos valores da instituição seguida. Esta, por sinal,
mostra-se absorvida como instrumento de poder, tornando-se um álibi da
intencionalidade e ação humana.
Compreendido
que as instituições tradicionais apresentam novas roupagens, mas são utilizadas
como instrumento de poder humano, urge desocupar os territórios institucionais
de prováveis projetos de poder instalados, para permitir que cada lugar seja
aquilo a que se propõe, ou seja, que uma instituição familiar seja uma família
fraterna, e não uma agremiação vazia de pessoas que se somam para cumprimento
de desejos particulares; que uma instituição escolar seja um espaço de
aprendizagem livre, e não um depósito ideológico, valendo o mesmo para os
campos do trabalho, estado e religião, cujas instituições são naturalmente
agregadores sociais, e não desagregadores polarizados.
Em
suma, as instituições se transformam a cada novo tempo, mas sempre serão
necessárias para gerar pertencimento social e fortalecimento identitário.
Instituições educativas e humanizadas são fundamentais na atualidade. É possível
e é para hoje!
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em
Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara” e Avaliador do MEC/Inep para cursos de graduação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário