Empreender
consiste em identificar oportunidades para novos negócios, com potencial de
crescimento, requerendo capital financeiro e intelectual. Pode ser desenvolvido
sob a perspectiva tradicional ou social, em que o primeiro visa exclusivamente o
lucro da empresa, e o segundo está voltado para ações econômicas solidárias,
normalmente conduzidas por Organizações da Sociedade Civil (OSC). Nos modelos
de empreendedorismo tradicional e social está presente o empreendedorismo
educacional, também conhecido como educação empreendedora, que consiste na
aplicação de princípios empreendedores no contexto da educação.
De
acordo com o Termo de Referência em Educação Empreendedora do SEBRAE (2020), a
educação empreendedora promove o interesse dos alunos e os torna mais motivados
para aprender. Terminologia também prevista na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), para a Educação Infantil e Ensino Fundamental desde 2019 e para o
Ensino Médio desde 2022, apontando que cabe à escola “proporcionar uma cultura favorável ao desenvolvimento de atitudes,
capacidades e valores que promovam o empreendedorismo”, tais como: criatividade,
inovação, organização, planejamento, responsabilidade, liderança, colaboração,
visão de futuro, entre tantas outras competências essenciais para garantir o
desenvolvimento pessoal e coletivo, podendo ser aplicado em forma de conteúdo
disciplinar (disciplina específica de empreendedorismo), conteúdo
interdisciplinar (componentes agrupados por disciplinas), e projetos
extraordinários (no período de aula regular ou contra turno escolar), a fim de
disseminar uma cultura empreendedora entre os estudantes de todas as etapas da
educação básica.
Para
alguns educadores, no entanto, a implantação do empreendedorismo educacional na
educação básica consiste em uma articulação de governo, representada pela
classe empresarial e setores dominantes da sociedade, com o intuito de adequar
a classe trabalhadora com o projeto capitalista neoliberal de sociedade. Outro
sinal de alerta, segundo dados da pesquisa realizada pela rede globo, em 2022,
revelou que 56% dos professores ainda não haviam aplicado educação
empreendedora em sala de aula, em que 46% dos entrevistados apontam a falta de
tempo para inclusão no conteúdo obrigatório; 40% indicam falta de
interdisciplinaridade; 25% afirmam não ter conhecimento sobre o tema, e 70%
afirmam nunca ter recebido nenhuma capacitação sobre o trabalho com competências
socioemocionais.
No
contexto da educação 4.0, learning by
doing – aprender fazendo, é o conceito orientador de toda a estrutura
educacional mundial, que por sinal, é naturalmente empreendedora. Compreende-se,
nesse contexto, aprendizagem acelerada com apoio de aplicativos de inteligência
artificial, aprendizagem personalizada e baseada em projetos, cuja imersão
específica de campo e análise de dados são usadas para apontar tendências
futuras; torna-se, portanto, absolutamente necessário uma política de
capacitação e treinamento sobre a cultura
Maker para todos os profissionais da educação, a fim de haver
correspondência entre excelência profissional de alta performance, ensino de
qualidade da educação 4.0, e aprendizagem significativa dos estudantes, sob uma
perspectiva de educação integral.
Em
suma, para garantir a implantação do empreendedorismo educacional nas escolas,
no contexto da educação 4.0, mais do que um plano de negócio administrativo,
far-se-á necessário recuperar a crença e a confiança de que a educação é
importante, e que, a partir dela, é possível melhorar as condições de vida na
sociedade. Empreendedorismo educacional, no contexto da educação 4.0 é possível
e é para hoje!
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, Filósofo e Pedagogo, Mestre e Doutor em
Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara” e Avaliador do MEC/Inep para cursos de graduação.
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