É
intrigante evidenciar o resultado trienal do Programa Internacional de
Avaliação dos Estudantes (PISA), que monitora o desempenho dos estudantes na
faixa etária de 15 anos, nos domínios de Leitura, Matemática e Ciências, dos
países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), e países parceiros associados, como é o caso do Brasil, que, em 2022,
ocupou o último lugar entre todos os participantes.
Sem
defesa para a injustificável defasagem educacional brasileira, cabe registrar,
porém, que, para substancial parcela dos membros da OCDE, a faixa etária de 15
anos é a idade de término da escolarização básica obrigatória, diferente do
Brasil que compreende a educação básica obrigatória até os 17 anos. Embora os
domínios avaliados sejam universais para a faixa etária, os componentes
curriculares da educação brasileira, conforme a Base Nacional Comum Curricular
(2017), estão diluídos em forma de espiral em seu tempo total de Educação
Básica, até os 17 anos, sinalizando que os resultados do PISA sempre estarão
aquém do ideal.
De
qualquer forma, nunca é demais se guiar por evidências, para entender cada
situação, e, por isso, é importante observar a estrutura educacional dos países
com melhores resultados no PISA, que detém estrutura laboratorial para alunos,
ensino integral gratuito em toda a educação básica, escola de formação para
professores com elevada exigência para exercício do magistério, o que resulta
em prestígio e respeito sociocultural, além de remuneração igual ou maior que
ocupações normalmente bem remuneradas.
Além
do apresentado acima para obtenção de melhores resultados no índice de aprendizagem,
cabe destaque ao sistema educacional finlandês. Em todo o período de educação
básica, dos 07 aos 15 anos, os eixos condutores da aprendizagem são a vivência
e observação participativa, tornando o aluno partícipe e atuante no processo de
aprendizagem. Todas as escolas são gratuitas; todos os docentes atendem o
requisito de ter pós-graduação stricto sensu, em nível de mestrado, e passam
por escolas de formação rigorosas em seu processo formativo; há um culto pelo
saber, por parte de toda a população, oriundo do incentivo à leitura, pesquisa
e aprendizagem autodidata, culminando na realidade de que o ambiente mais
frequentado de qualquer cidade é a biblioteca; dos 16 aos 18 anos, o aluno
egresso da educação básica pode escolher, livremente, entre dar continuidade
aos estudos preparatórios para a educação superior ou para uma
profissionalização técnica.
No
Brasil, há uma estrutura educacional construída à luz de sua história, cujos
contínuos diagnósticos do Ministério da Educação (MEC), permitem mudanças por
meio de novas leis. Evidenciado que desde a sua primeira edição do PISA, em
2000, o Brasil ocupa as últimas colocações do ranking dos países participantes,
significa que é emergencial analisar o que de “bom” outras nações estão
realizando em sua estrutura educacional, para melhorarmos o sistema educacional
brasileiro. É possível e é para hoje!
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira –
“Sr. Sara”; Mestre e Doutor em Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário