terça-feira, 29 de agosto de 2023

Consciência e desenvolvimento do senso de limpeza: benefícios e impactos pedagógicos no ambiente escolar

 


“É bom estarmos em um ambiente limpo”, frase que se escuta com frequência. É verdade, a limpeza é uma das guardiãs da saúde física e mental, e por consequência, proporciona sensação de conforto e bem-estar, regra que vale para qualquer pessoa, em qualquer lugar.

Em seguimento à tradição e cultura indígena, o Brasil é um dos países mais limpos do mundo quando o assunto é asseio pessoal, banhando-se todos os dias; restrito ao ambiente urbano, porém, permanece aquém com relação a conservação patrimonial pública, representando ausência de pertencimento pátrio, bem como ausência de senso de responsabilidade coletiva e cidadã. É bem verdade que a difusão dos conceitos de limpeza e higiene são recentes na sociedade ocidental, tendo destaque na vida das pessoas no início do século XIX, incentivado por médicos que escreviam sobre a necessidade do uso do sabão. Desde então, uma política e educação sanitarista foi lentamente ganhando espaço na sociedade.

Limpeza e saúde caminham juntas, pelo motivo de diminuir riscos de concentração de vírus, fungos e bactérias nos ambientes, bem como proporcionar benefícios à pessoa, pelo cuidado do corpo e diminuição do estresse. Cabe recordar que a responsabilidade da limpeza de qualquer lugar não é exclusiva de uma única pessoa contratada para isso, mas de todos os envolvidos no ambiente comum, como por exemplo, deixar o local organizado, contendo apenas objetos e equipamentos essenciais, a fim de garantir funcionalidade e estética no ambiente.

De igual maneira, no ambiente escolar, limpeza proporciona otimização da gestão do tempo, aumento do rendimento escolar e produtividade dos alunos, considerando que, amparado na Psicologia Social, entende-se que se o ambiente que frequento e pertenço é limpo e confortável, simbólica e intuitivamente, reforçar-se-á a percepção de que sou importante no ambiente comunitário; há, portanto, uma sensação de conforto, segurança, confiança na coletividade escolar e abertura ao processo de ensino e aprendizagem.

Cabe menção à exitosa prática educativa do sistema educacional japonês, que defende a participação dos alunos no cuidado e limpeza do ambiente escolar, a fim de desenvolver no aluno o senso de trabalho coletivo, respeito mútuo e preservação do patrimônio social. Inspirado na experiência do sistema educacional japonês, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de Lei 1990/19, que estabelece que as escolas devem estimular a limpeza, manutenção e conservação do ambiente escolar pelos alunos, com o objetivo de promoção da responsabilidade social. Projeto que permanece em tramitação pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Em síntese, limpeza garante saúde, que, por sinal, é um direito constitucional; é um valor educativo de ordem moral, e ferramenta pedagógica transversal que auxilia, de modo indireto, no processo de ensino e aprendizagem. Consciência e desenvolvimento do senso de limpeza no ambiente escolar é possível e é para hoje!

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”; Mestre e Doutor em Educação.

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