terça-feira, 20 de junho de 2023

Diversidade cultural no ambiente escolar: fonte e base da cidadania


 

A contemporaneidade é um período histórico de contínuos avanços de lapidação ética e moral em todas as sociedades. Nas últimas décadas do século XX e início do XXI, ganhou força no mundo movimentos feministas em defesa de legítimas causas culturais, como equidade étnico-racial e de gênero, entre outros temas, conquistando maior inserção social com espaços de fala e exercício profissional, tanto por direito, como por reparação moral.

Por diversidade cultural, entende-se a variedade de elementos presentes em culturas diversas, como crenças, costumes, gostos, hábitos, línguas, visão de mundo, entre outros fatores, existindo um modo peculiar de vivenciar cada cultura. Dada a importância da pauta, em 2001, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), criou a Declaração Universal sobre a diversidade cultural, reiterado pelos 185 Estados-Membros. A partir dessa declaração, em escala global, percebeu-se maior movimentação de planejamento e financiamento de políticas voltadas para a pauta da diversidade cultural.

No Brasil, de acordo com dados do IBGE (2014), pouco mais de 54% dos municípios tinham uma política cultural para o setor, como uma secretaria ou ações pontuais, mas, apenas 5,9% dos municípios possuíam plano de cultura regulamentado por instrumento legal, o que representa, por obviedade, um descompasso histórico, requerendo sua elaboração com urgência. Por meio de uma política de cultura, cabe parceria com o campo escolar, entendendo que está ali, na escola, a fonte e a base da consciência cidadã, cujo projeto escolar deve resultar em uma sociedade de igualdade e equidade étnico-racial e de gênero, entre outras pautas culturais, garantindo enriquecimento cultural, bem como constante exercício da tolerância, tornando-se inclusivo e compassivo.

Em suma, embora o tema da diversidade cultural seja mais fortemente compreendido pelos seus aspectos globais, de culturas diferentes, também pode ser abordado no ambiente escolar, em sua microesfera de diferenças de hábitos, gostos e visão de mundo, garantindo vivências aos estudantes que lhes permitam integrar a diversidade cultural com naturalidade. Nesse sentido, é razoável dizer que a cidadania global é resultado da vivência e apreensão do sentido e significado da diversidade cultural. É possível, e é para hoje.

Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”; Mestre e Doutor em Educação.

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