terça-feira, 8 de março de 2022

DIA DA MULHER: HOMICÍDIO DE GÊNERO PAUTA PARA ELEIÇÕES 2022


 


 

Ítalo do Couto Mantovani*

 

O mês de março é emblemático para as mulheres. É a época do ano em que mais são temas de reportagens, palestras, debates, capas de revistas e afins. Mas, o que a sociedade realmente gostaria de saber é: o que, de fato, o Estado está fazendo para mudar a violência contra mulher?

A violência contra a mulher é um fenômeno histórico, resultado das relações sociais desiguais de gênero, classe e étnico-raciais, tendo o sistema patriarcal como fundamento. No Brasil, a partir da década de 1970, a violência contra as mulheres passou a ser discutida por movimentos de mulheres e feministas, com um caráter mais político e organizado, cobrando do Estado mecanismos que amparassem as mulheres em situação de violência. Em resposta a estas manifestações, foi criada no ano de 1985, em São Paulo, a primeira Delegacia de Defesa à Mulher (DDM). A criação da delegacia especializada foi uma experiência pioneira no mundo, e desde sua instalação tem ocupado posição central nos debates a respeito da violência contra a mulher.

Hoje, o Estado de São Paulo conta com 10 Delegacias de Defesa à Mulher (DDM) que funcionam 24 horas por dia e mais 125        que funcionam das 9h às 19h. Em 37 anos, temos uma média de aproximadamente a inserção no Estado de 3 DDM por ano. Além da DDM, o Estado de São Paulo criou em 2019 o aplicativo SOS Mulher “focado no apoio à mulher em situação de vulnerabilidade e tem como base três pilares: segurança, saúde e independência financeira”. Uma ferramenta que possibilita que as vítimas de violência doméstica peçam ajuda para polícia apertando apenas um botão no celular. Desde sua criação o aplicativo já teve mais de 55 mil acessos. As mulheres no Estado de SP ainda contam com a Delegacia Eletrônica, um instrumento que viabiliza notificar de forma virtual (pela internet) as mulheres que sofrem violência, ou seja, as vítimas conseguem fazer boletim de ocorrência e solicitar medidas protéticas, tudo de maneira online.

As ações implementadas pelo Estado juntamente com as forças de segurança pública conseguiram reduzir o índice de feminicídio em 24,02% (homicídio contra a mulher por condição de gênero), em todo o estado de São Paulo, de 2020 para 2021. Contabilizando os dados dos nossos 645 municípios paulistas em 2020, 179 mulheres morreram por causa do seu gênero, contra 136 no ano de 2021. Representando 43 vidas salvas. Pelo Portal da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo não conseguimos analisar (de maneira geral) os dados por Região, apenas Capital, Região Metropolitana e Interior. Ficando compreensível que o Interior tem uma concentração, só no ano de 2021, de 64% de todas as vítimas de feminicídio (87 de 136). Isto é, o interior do Estado tem um desafio maior para esse assunto, principalmente a parceria que deve ser desenvolvida com nossas polícias e as prefeituras.

Em 2022 teremos eleições para: Deputados Federais, Estaduais, Senadores, Governadores e Presidente. É importante todos e todas fazerem um olhar global sobre a violência contra a mulher. O Estado de São Paulo tem ao todo 23 secretarias e 4 pastas extraordinárias ligadas principalmente a saúde, educação, transporte e segurança pública. Além da Secretaria da Segurança Pública, o Estado tem a Secretaria de Desenvolvimento Regional, responsável pela “ponte” dos 645 municípios com o governo do estado. Estudemos, analisemos e percebamos que a prevenção da violência contra à mulher não começa com a chamada no 190, mas com serviços de saúde, de assistência social, o acolhimento dessa mulher em busca de ajuda, além de uma celeridade no atendimento para tirar essa mulher da situação de risco. Por isso, temos que deixar de acreditar que o assunto se fala apenas em março, mas sim no ano todo. É um tema que está presente diariamente nas manchetes de jornais sobre violência. Em síntese, a coibição, a prevenção e o atendimento à violência de gênero exigem reflexões e atuações multissetorias e multidisciplinares, que incidam diretamente na estrutura e conjuntura do fenômeno. O primeiro passo é entender a nossa realidade social, o papel da mulher nela e principalmente que o voto tem uma função significante para mudança da desigualdade (causada pela estrutura machista, misógina e patriarcal) e da violência contra às mulheres.

 

 

v  Assessor Técnico de Coordenador na Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

 

 

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