O termo solidariedade tem sua origem em
expressões do latim como solidum (totalidade, segurança)
ou solidus (sólido, inteiro), podendo ser compreendido como o
empenho pelo bem comum. Ou seja, é a ação, pelo bem de todos e de cada um, de
sermos responsáveis uns pelos outros.
Para minimizar problemas globais e
promover a cultura da solidariedade, a Organização das nações unidas (ONU)
estabeleceu o dia 20 de dezembro como o Dia mundial da solidariedade humana.
Nesse dia, é reforçado com os governos o compromisso, por meio de acordos
internacionais, para contribuir no combate à pobreza. E as pessoas são
incentivadas a debater sobre os meios de promover a solidariedade.
Émile Durkheim foi um sociólogo,
considerado o “pai da Sociologia”. Para ele, o que une os indivíduos à
sociedade é a solidariedade. Em uma de suas teorias, ele explica que, quando a
identidade social se dá porque as pessoas são semelhantes entre si e existe um
mecanismo baseado em crenças comuns e em valores sociais que determinam qual
padrão deve ser seguido, isso é denominado de solidariedade mecânica. As
transformações sociais enfraqueceram a solidariedade mecânica, com a sua
substituição pela solidariedade orgânica.
“A solidariedade orgânica, também
observada por Durkheim, é uma ampliação da consciência. Por meio dela, as
pessoas se percebem membros de uma mesma sociedade e se sentem responsáveis a
terem determinadas atitudes positivas por perceberem que algo pode ser feito
para a construção de uma sociedade melhor. Ocorre esse processo orgânico, as
pessoas são diferentes e se complementam”, afirma o filósofo e doutor em
educação, Prof. Cesar Augusto Eugenio, da Universidade de Taubaté
(UNITAU).
Peter Albert David Singer é o filósofo
vivo de maior repercussão segundo a revista New Yorker e foi
citado como uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.
Em uma de suas reflexões sobre a desigualdade social, ele explica que se
desenvolve naqueles que são muito ricos a cultura da ostentação, da luxúria e
do desperdício. Os estudos dele mostram que os países ricos consomem muito mais
em quantidade do que os países pobres, sendo eles mais numerosos. E que, se
determinados ricos utilizassem 2% da sua fortuna, o que não afetaria a sua
riqueza, resolveria o problema da fome no mundo. Para ele, a consciência
solidária iria transformar a cultura do desperdício.
Dentre as teorias de Peter Singer, o
professor César Eugênio também destaca que é necessário incorporar o sentimento
de ser útil ao mundo. “Solidariedade é predisposição ao despojamento, à
entrega, ao encontro com o outro e, sobretudo, a percepção e a consciência de
que o outro compartilha da mesma vida que nós”.
Segundo o professor, pequenas ações
geram mudanças de comportamento e fazem as pessoas se sentirem melhores na
medida em que elas percebem que essas atitudes são positivas e
transformadoras.
“O primeiro passo para ser solidário é começar
a desenvolver a consciência do despojamento. A percepção do outro dá um novo
significado à vida”, finaliza o professor.
Um dos exemplos da prática da
solidariedade por alunos e professores da UNITAU é a participação no projeto
Rondon. Essa é uma ação do Governo Federal que envolve a participação
voluntária de estudantes universitários na busca de soluções para o
desenvolvimento de comunidades. Foram aprovadas para 2022 duas propostas da
UNITAU. A estudante de Direito Nathália da Cruz Muniz, que participará da
primeira expedição em Grão Mogol, município em Minas Gerais, explica o quanto o
projeto contribuiu para a sua percepção de solidariedade, olhando para a
necessidade do próximo.
“O Projeto Rondon, assim como
outras ações sociais, é um grande incentivo para que as pessoas não pensem
somente em si. Ele nos abre os olhos e expande nosso campo de visão crítica. É
importante sermos lembrados que tudo não se resume só a nós, mas também aos
outros”, diz.
A universitária do curso de Medicina
Sarah Soares de Mello Mendes Moreira também participa do projeto, na operação
“Amapá mais forte”, em Calçoene. Ela afirma que a proposta está relacionada com
ser solidário, pois o princípio básico é o voluntariado.
“O projeto nos proporciona uma troca de
conhecimentos única. É um momento de reconhecer as diferenças e de valorizar a
troca de informações e de culturas. Esse tipo de experiência é muito importante
em nossa formação, pois o objetivo, tanto de nossa jornada acadêmica, quanto do
projeto Rondon, é ser útil aos outros”, comenta a aluna.
Quer desenvolver uma consciência
solidária? Confira, abaixo, algumas dicas destacadas pelo professor Cesar
Eugenio.
· A solidariedade se
amplia na percepção do outro, as pessoas se ajudam independentemente da classe
social a quem pertencem.
· Mudança de
atitude.
· Mudança de
visão.
· Mudança de percepção
de mundo.
· Desenvolvimento das
virtudes da tolerância.
· A solidariedade é uma
grande mola para a transformação social.
Foto: Leonardo Oliveira
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