O
dia 18 de novembro nos relembra a importância das discussões e de ações
relacionadas à discriminação racial no Brasil. O dia nacional de combate ao
racismo também celebra a cultura afro-brasileira e os avanços na luta do povo
negro contra a desigualdade.
Já em 20 de novembro, temos o dia
nacional da consciência negra, que coincide com a morte de Zumbi dos Palmares,
em 1695. Zumbi foi o maior líder do Quilombo dos Palmares. Essas comunidades,
instaladas em locais de difícil acesso, eram formadas por escravos que fugiam
dos seus senhores. Estima-se que o Quilombo dos Palmares durou cerca de 100
anos e abrigou entre 20 e 30 mil habitantes, sendo o maior e mais duradouro quilombo
registrado.
A
Profa. Dra. Maria Fátima de Melo Toledo é docente no curso de História da
Universidade de Taubaté (UNITAU). Ela atua no ramo de pesquisas históricas,
principalmente na área de História do Brasil Colonial e leciona a disciplina
História da África. A historiadora conta que, com a morte de Zumbi dos
Palmares, ele se tornou um grande símbolo da resistência negra do
Brasil. A data de sua morte passou a ser um dia de memória da
história dos africanos e afrodescendentes no país.
“Essa data não deveria ser importante
só para as comunidades negras, mas para todos os brasileiros. O dia da
consciência negra é um dia para tomar consciência da condição histórica imposta
aos homens e mulheres negros no Brasil e não nos esquecermos disso”, argumenta.
A historiadora complementa que é muito
importante relembrar essa data, porque ainda hoje são perceptíveis as
desigualdades sociais e econômicas entre negros e brancos no Brasil. “Essa data
é um elemento a mais nisso tudo. O que pode auxiliar de fato no combate ao
racismo é a criação de políticas públicas nas mais diferentes áreas,
especialmente na educação, que incorporem uma série de discussões que passam
pela questão étnico-racial”, pontua.
Em 2003, foi sancionada a lei 10639/03,
que alterou a lei de Diretrizes e bases da educação e tornou obrigatória a
presença da temática “História e cultura afro-brasileira e africana’ nas
escolas. “Esse decreto foi um grande avanço, a iniciativa do estado foi
fantástica. O grande problema é que, de uns anos para cá, tudo isso foi
desmantelado, toda uma estrutura criada para combater oficialmente a
discriminação racial foi deixada de lado”, diz.
Uma
iniciativa da aluna Victoria Souza Pereira,
do décimo semestre do curso de Psicologia, promoveu, em maio deste ano, o
combate à discriminação racial dentro da Universidade. O projeto “Sankofa”
idealizado pela estudante teve como objetivo oferecer um espaço de interação e
de acolhimento entre os alunos negros da Instituição para compartilharem ideias
e opiniões. Os encontros online do projeto tiveram sete etapas
e discutiram sobre identidade, emancipação da população negra e a importância
da união.
“Desenvolver projetos como esse dentro
das universidades é muito importante pela representatividade e não só existir
por existir, mas, sim, por fazer algo concreto, por fazer com que os jovens
negros sejam escutados, acolhidos, que sejam vistos pela sua potencialidade e
que possam, nesse ambiente ‘hostil’, fazer trocas e percepções para que seja
possível a manutenção deles nas universidades”, expõe a futura psicóloga.
Durante essas datas comemorativas e até
mesmo antes, diversas instituições e profissionais da região do Vale do Paraíba
e de todo o Brasil se sensibilizam com a causa e realizam trabalhos e homenagens
com essa temática. Esse é o caso do Prof. Dr. Júlio Cesar Voltolini, docente no
curso de Biologia da UNITAU e também fotógrafo. O biólogo foi convidado pelo
Centro Cultural e Biblioteca Zumbi dos Palmares para organizar a exposição
fotográfica “Muhatu”, que ocorreu no dia 13 de novembro.
“As fotos retratam três gerações de
mulheres que viveram momentos diferentes do Brasil, mas com algo em comum: o
preconceito e a falsa igualdade. Dar voz e imagem a elas é um ato de
resistência e devemos trabalhar nisso, juntos, desde o início, dentro das
escolas”, comenta o professor.
Fotos cedidas pelo Prof. Dr. Júlio
Cesar Voltolini
Bianca Guimarães
ACOM/UNITAU
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