Ítalo do Couto Mantovani*
A Secretaria da Segurança Pública
divulgou, na tarde da segunda-feira (25/01), as estatísticas de criminalidade
do Estado de São Paulo referentes ao mês de dezembro de 2020. Com isso, em meio
à pandemia e às medidas de isolamento social tomadas por diversos municípios
há, por completo, uma análise durante a pandemia do novo coronavírus, nos
períodos críticos, como a implementação da Fase Vermelha e até os períodos de
“relaxamento” como a Fase Verde.
Analisando sete indicadores (Vítimas de
Homicídios Dolosos, Vítimas de Latrocínios, Total de Estupro, Estupro de
Vulnerável, Roubos Outros, Roubos de Veículos e Furto de Veículos), o Estado de
São Paulo terminou 2020 com aumento, apenas, no indicador de Vítimas de
Letalidade Violenta (4,5%). Nos roubos
seguidos de morte a queda foi de 6,8% se comparado janeiro a dezembro do ano
passado com o mesmo período de 2019. O número de vítimas deste crime recuou
ainda mais, caindo 8% - passou de 199 para 183 (16 a menos). Em ambas as
situações as quantidades foram as menores da série histórica, iniciada em 2001.
A tendência de redução se estendeu para o indicador de estupros, com uma
queda de 10,9%, isto é, em 2020 somou 11.023 boletins em, ante 12.374
ocorrências registradas no ano anterior. Os roubos em geral também caíram no
período. A quantidade passou de 255.397 para 218.839 (-14,3%). Nossa polícia,
mesmo em plena pandemia, fazendo o famoso “mais com menos” trabalhou e muito.
Seus trabalhos resultaram em todo Estado, no ano de 2020, 146.291 prisões e na apreensão de 11.553 armas de fogo
ilegais. Também foram registrados 41.560 flagrantes por tráfico de drogas.
Nesses
mesmos indicadores, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte
(RMVPLN) com 39 municípios tem um destaque negativo para o indicador de Vítimas
de Homicídios Dolosos. Com um crescimento de 13,5% comparando 2020 com 2019. Em 12 meses nossa Região concentrou 11,3% de
todas as Vítimas de Homicídios Dolosos. Acarretando a nossa Região a única das
12 regiões do Estado (na divisão territorial da Segurança Pública) que
apresenta uma taxa maior que 10 Vítimas de Homicídios Dolosos por 100 mil
habitantes. A RMVPLN apresentou uma taxa de 13,82. Taxa que volta aos patamares
do ano de 2018. O destaque positivo para Região é o indicador de Furto de Veículos
que reduziu aproximadamente 36%, uma queda até maior que a do próprio Estado,
que ficou em 27,5%, comparando 2020 com 2019.
Pindamonhangaba
acompanhou o Estado e a Região em quatro dos sete indicadores. Nosso município
teve um aumento totalmente atípico para o indicador de Vítimas de Homicídios
Dolosos, comparando o ano de 2019 com 2020, tivemos um aumento de 75% nesse
indicador, ou em números absolutos, 12 vítimas a mais. Na série histórica um
número de vítimas alto assim, foi observado em 2016 com 34 vítimas, em 2017
tivemos 22, 2018 com 18 vítimas, 2019 com 16 e fechamos 2020 com 28 vítimas.
Indicadores de Roubos Outros, Roubos de Veículos e Furto de Veículos caíram
37,5%, 22,2% e 18,4% respectivamente de 2019 para 2020.
Durante
a pandemia, com as restrições impostas à circulação de pessoas, em muitos
lugares do país, verificou-se a diminuição no número de roubos, não propriamente
por uma vitória dos mecanismos de segurança, e sim pela diminuição dos alvos à
disposição dos predadores. São Paulo é um Estado de extensão continental, com
múltiplas realidades locais e regionais, sendo, por esse motivo, extremamente
difícil o estabelecimento de generalizações, no âmbito de políticas públicas,
que, de igual forma, estendam-se a todos os municípios. Em algumas Regiões do
nosso Estado a taxa de homicídios decresceu, o mesmo ocorrendo com as
diferentes expressões do roubo.
Os
crimes ligados à violência doméstica, por sua vez, no Brasil como um todo,
tiveram significativo aumento. Essa redução dos crimes patronais e o aumento
dos homicídios traz um contexto ideal para que o reduzido efetivo policial seja
direcionado para ações mais inteligentes, planejadas e focadas na investigação
e esclarecimento de crimes. Não quero dizer que não haverá outros crimes, mas
enquanto nossos governantes não entenderem que a Polícia “enxuga gelo” e que
precisamos de políticas públicas realmente importantes, como: valorização
profissional, estrutura de carreira, moradia digna para nossos policiais e até
mesmo uma assistência de qualidade ficaremos apenas “correndo atrás do rabo”.
v
Assessor de Coordenador na Secretaria da
Segurança Pública do Estado de SP
Formado em Gestão de Políticas
Públicas pela USP
Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional
Professor de Cursinho
pré-vestibular em São Paulo
Contato:
italocmantovani@gmail.com
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