Pela
Constituição Estadual de São Paulo, em seu artigo 139, define-se que a “Polícia
do Estado será integrada pelo (...) Corpo de Bombeiros”. Mas, quando o assunto
é segurança pública, muitas vezes o pensar da sociedade está voltado apenas
para a Polícia Civil e Polícia Militar. Pois, ao se falar em bombeiros, a
população traz a mente o sentido imediato de heroísmo e salvação. Uma vez que
eles quando são acionados, não são apenas para atender aos casos de incêndios,
mas também são convocados para resgate de pessoas presas em acidentes
automobilísticos, tempestades, enchentes, explosões, vítimas de quedas, entre
outros.
A palavra
bombeiro tem origem no latim, derivada de bomba, visto que, na antiguidade os
incêndios eram controlados por meio das bombas de água. No Estado de São Paulo,
exatamente no dia 15 de fevereiro de 1880, ocorreu um incêndio que destruiu a
Biblioteca da Faculdade de Direito e o Arquivo do Convento São Francisco, no
tradicional largo da capital paulista. Neste incidente o então deputado
Ferreira Braga propôs a criação de uma Seção de Bombeiros, composta por 20
homens. A lei foi apresentada, votada e aprovada. No dia 10 de março do mesmo
ano, foi criado oficialmente o Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Do final do
século até meados dos anos 1970, o corpo de bombeiros alcançou grandes
conquistas, como em 1910 a aquisição dos primeiros veículos automotores, em
1932, as mulheres começam a ser empregadas, para suprir a falta de efetivo nas
corporações e na década de 1940 o efetivo aumentou na casa dos 6.000%, saindo
de 20 em 1880 para aproximadamente 1.212 em 1943. Na década de 1960, o Corpo de
Bombeiros passou a exigir a instalação de hidrantes e extintores em edifícios.
Contudo, ao entrar na década de 70 a capital paulista sofre dois grandes
incêndios. Em 1972 no Edifício Andraus. Devido a uma sobrecarga do sistema
elétrico, levando a um curto-circuito e por consequência um incêndio que matou
16 pessoas e 375 ficaram feridas. Dois anos após, o Edifício Joelma sofre um
curto-circuito na rede de ar condicionado, dando início a um incêndio, que
culminou na morte de 187 pessoas e mais de 300 feridos. Dois incidentes em
menos de 2 anos, mostrou para todo Brasil de acordo com Tânia Galuzzi “as
condições precárias do Corpo de Bombeiros”. De 1974 para frente o bombeiro
passou por reestruturações, modificações e até modernizações.
138 anos após
sua formação, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo alcança números
estratosféricos em atendimentos. Em 2018
foram registrados 5,3 milhões de chamados emergências., aproximadamente 14.500
ligações por dia no Estado. Mais de 500 mil ocorrências atendidas e 241 mil
vítimas socorridas. O Corpo de Bombeiros conta atualmente com 21grupamerntos,
dos quais, 12 no interior, 4 na capital, 4 na Região Metropolitana e 1 no
litoral do Estado. Contendo aproximadamente 9 mil bombeiros em todo território
do Estado de São Paulo. Com mais de 761 mil atividades de prevenção de incêndio
realizada apenas em 2018, 320 milhões de m² de área vistoriada e 2,4 mil
viaturas para atender a sociedade.
Números que só
demonstram como a responsabilidade, o comprometimento, coragem e dignidade
estão em serviço sempre com essa classe. O Corpo de Bombeiros do Estado de São
Paulo continua a escrever páginas de belos exemplos de dedicação,
profissionalismo e eficiência para sociedade como um todo. Mas, não podemos
esquecer que ver os bombeiros de forma idealizada, que devem resolver as
situações, sem possibilidades de errar é difícil. Eles são profissionais, mas
acima de tudo são humanos, que não podem fazer, resolver ou salvar todos. Eles
buscam um equilíbrio entre ter uma vida profissional que os satisfaça, sem
esquecer a vida pessoal e familiar. Acredito que essa categoria necessita sim,
de maior atenção dos poderes públicos e um espaço para poder expressar suas
questões emocionais e sentimentais. O apoio psicológico, no século da
depressão, é de suma importância para não afetar as questões profissionais e
seus desempenhos na função, além claro da sua vida privada.
*
Assessor Técnico na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
Formado em Gestão de Políticas Públicas Pela USP
Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional
Professor do Cursinho Popular em São Paulo
Contatos: italo.mantovani@usp.br
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