terça-feira, 25 de junho de 2019

OS BOMBEIROS E A SOCIEDADE


Ítalo Mantovani*

Pela Constituição Estadual de São Paulo, em seu artigo 139, define-se que a “Polícia do Estado será integrada pelo (...) Corpo de Bombeiros”. Mas, quando o assunto é segurança pública, muitas vezes o pensar da sociedade está voltado apenas para a Polícia Civil e Polícia Militar. Pois, ao se falar em bombeiros, a população traz a mente o sentido imediato de heroísmo e salvação. Uma vez que eles quando são acionados, não são apenas para atender aos casos de incêndios, mas também são convocados para resgate de pessoas presas em acidentes automobilísticos, tempestades, enchentes, explosões, vítimas de quedas, entre outros.
A palavra bombeiro tem origem no latim, derivada de bomba, visto que, na antiguidade os incêndios eram controlados por meio das bombas de água. No Estado de São Paulo, exatamente no dia 15 de fevereiro de 1880, ocorreu um incêndio que destruiu a Biblioteca da Faculdade de Direito e o Arquivo do Convento São Francisco, no tradicional largo da capital paulista. Neste incidente o então deputado Ferreira Braga propôs a criação de uma Seção de Bombeiros, composta por 20 homens. A lei foi apresentada, votada e aprovada. No dia 10 de março do mesmo ano, foi criado oficialmente o Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Do final do século até meados dos anos 1970, o corpo de bombeiros alcançou grandes conquistas, como em 1910 a aquisição dos primeiros veículos automotores, em 1932, as mulheres começam a ser empregadas, para suprir a falta de efetivo nas corporações e na década de 1940 o efetivo aumentou na casa dos 6.000%, saindo de 20 em 1880 para aproximadamente 1.212 em 1943. Na década de 1960, o Corpo de Bombeiros passou a exigir a instalação de hidrantes e extintores em edifícios. Contudo, ao entrar na década de 70 a capital paulista sofre dois grandes incêndios. Em 1972 no Edifício Andraus. Devido a uma sobrecarga do sistema elétrico, levando a um curto-circuito e por consequência um incêndio que matou 16 pessoas e 375 ficaram feridas. Dois anos após, o Edifício Joelma sofre um curto-circuito na rede de ar condicionado, dando início a um incêndio, que culminou na morte de 187 pessoas e mais de 300 feridos. Dois incidentes em menos de 2 anos, mostrou para todo Brasil de acordo com Tânia Galuzzi “as condições precárias do Corpo de Bombeiros”. De 1974 para frente o bombeiro passou por reestruturações, modificações e até modernizações.
138 anos após sua formação, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo alcança números estratosféricos em atendimentos.  Em 2018 foram registrados 5,3 milhões de chamados emergências., aproximadamente 14.500 ligações por dia no Estado. Mais de 500 mil ocorrências atendidas e 241 mil vítimas socorridas. O Corpo de Bombeiros conta atualmente com 21grupamerntos, dos quais, 12 no interior, 4 na capital, 4 na Região Metropolitana e 1 no litoral do Estado. Contendo aproximadamente 9 mil bombeiros em todo território do Estado de São Paulo. Com mais de 761 mil atividades de prevenção de incêndio realizada apenas em 2018, 320 milhões de m² de área vistoriada e 2,4 mil viaturas para atender a sociedade.
Números que só demonstram como a responsabilidade, o comprometimento, coragem e dignidade estão em serviço sempre com essa classe. O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo continua a escrever páginas de belos exemplos de dedicação, profissionalismo e eficiência para sociedade como um todo. Mas, não podemos esquecer que ver os bombeiros de forma idealizada, que devem resolver as situações, sem possibilidades de errar é difícil. Eles são profissionais, mas acima de tudo são humanos, que não podem fazer, resolver ou salvar todos. Eles buscam um equilíbrio entre ter uma vida profissional que os satisfaça, sem esquecer a vida pessoal e familiar. Acredito que essa categoria necessita sim, de maior atenção dos poderes públicos e um espaço para poder expressar suas questões emocionais e sentimentais. O apoio psicológico, no século da depressão, é de suma importância para não afetar as questões profissionais e seus desempenhos na função, além claro da sua vida privada.


* Assessor Técnico na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
Formado em Gestão de Políticas Públicas Pela USP
Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional
Professor do Cursinho Popular em São Paulo
Contatos: italo.mantovani@usp.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário