“Me chamo Ana Paula, sou
moradora do bairro Jardim Bela Vista, nesta cidade. Venho através desta,
compartilhar minha indignação e minha total tristeza com os organizadores do IX
Festival de Poemas de Pindamonhangaba. Tenho uma filha de 12 anos, Maria
Eduarda, linda e inteligente, que participou com seu poema na categoria
infantil (menos de 12 anos) e foi uma das classificadas dentre 06 poemas. A
família toda ficou muito orgulhosa e feliz, afinal, o concurso é a nível
municipal e o poema era uma ótimo.
A premiação e seleção dos
ganhadores foi marcada para o dia 27 de setembro, às 19h. Convocamos a família
toda e pedimos para que todos fossem ver a declamação do poema da Maria. Nada
nos foi comunicado além de data e hora. Achamos que ela mesma declamaria seu
poema. Infelizmente, o sonho virou pesadelo. O evento foi realizado no Teatro
Galpão. Havia crianças, adultos e parecia tudo normal até começarem as
interpretações dos poemas. Faltou respeito e bom senso. Num local aberto ao
público, repleto de crianças, uma das interpretações logo de início me chocou.
Um homem, com roupa de baixo aparente, aparece erguendo sua calça, subindo o
zíper, claramente indicando um ato sexual ocorrido, pois agressivamente joga
dinheiro sobre uma moça vestida apenas com uma camisa e roupa intima.
Estranhei, mas continuei lá, afinal, o poema da minha filha estava por vir. Não
mais que de repente, outra encenação arrepia e causa espanto nas crianças
presentes. Dessa vez um homem afogava uma boneca num balde de água.
Houveram apresentações
bonitas, doces e indicadas ao público infantil, mas quando chegou a vez do
poema da minha filha... Quanta decepção. O ator aparece com um cigarro aceso,
soltando fumaça, dando a conotação de que estaria drogado. Minha filha ficou
arrasada. Afinal, não foi pra esses fins que ela escreveu um poema.
Transtornado com a tristeza da minha filha, meu irmão, Luiz Gustavo, foi
conversar com a organização do evento, pedindo uma oportunidade da menina poder
declamar seu poema para demonstrar o verdadeiro sentido por trás das suas
palavras. O ilustre Sr. Alberto Santiago (Presidente da Academia
Pindamonhangabense de Letras) com desnecessária arrogância e certo desdém,
negou esse pedido, chegando ao cúmulo de dizer que "não sabia no que ela
estava pensando quando escreveu o poema". Ora, Sr. Alberto, minha filha
estava em sala de aula, no que acha que ela estaria pensando? O que quis dizer?
Enfim, abalada e constrangida minha filha voltou pra casa certa de que não foi
uma das vencedoras devido a interpretação infeliz do seu poema. Poema por sua
vez, doce, inocente, descontraído e puro. Me pergunto onde houve educação
e cultura nesse evento promovido pela Prefeitura Municipal. Minha filha foi
exposta ao ridículo e não quer mais escrever. Quem resguarda o direito dela?
Não é dever do município proporcionar o bem estar de nossas crianças? E as
campanhas antidrogas, tabagismo? Ficaram somente no papel? Muita hipocrisia.
Mas fica aqui minha total repulsa por tamanha irresponsabilidade do poder
municipal. Olhem melhor por nossas crianças. Garantam bons exemplos. Sejam um
bom exemplo”.
QUE vergonha aos organizadores do IX festival de poemas.
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