A música é compreendida e assumida de maneiras
diversas em cada época vivida. Como definição mais aceita, é uma ciência e
arte, na condição de linguagem universal, bem como manifestação artística e cultural.
É também um meio de expressão de sentimentos de cada povo, transmitindo
influências sentimentais e psicológicas de geração em geração. Em uma lógica de
programação mental, é possível ousar dizer que somos, pensamos e fazemos o que
ouvimos, pelo quanto há identificação entre a mente da pessoa e as influências
externas recebidas.
No Brasil, restringindo-se ao campo
da educação, a música é utilizada desde o período colonial pela Companhia de
Jesus, como forma de atrair mais fiéis para a religião cristã de matriz
católica, bem como instrumento de evangelização educacional, ou, em termos
atuais, ensino religioso. Seguindo a linha história, o ensino de música foi
regulamentado por decreto real, em 1854, mantendo-se, porém, como recreação,
manifestação artística e controle dos alunos, uma vez que não havia
profissionais formados em música para lecionar. Apenas em 2008, com a
promulgação da lei n: º 11.769, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de
música na educação básica, tornou a música um conteúdo obrigatório na grade
curricular de Arte, embora não exclusivo.
Próximo
de completar duas décadas da promulgação da lei n: º 11.769, o ensino de música
ainda passa por dificuldades estruturais para ser efetivamente inserido na
grade curricular de Arte, haja vista existir na sociedade brasileira atual um
hiperfoco nos componentes curriculares de língua portuguesa e matemática, expressiva
precarização de recursos e aparatos musicais nas escolas regulares, ausência de
profissionais licenciados na área musical, e banalização da cultura musical no
ambiente escolar, resultando em um pseudo ensino musical.
Sob amparo da legislação educacional,
o ensino de música e musicalização escolar contribuem para o desenvolvimento
humano, desde a etapa da educação infantil, por aumentar a sensibilidade da
audição, coordenação motora, socialização, respeito a si próprio e aos outros,
raciocínio lógico, disciplina, equilíbrio emocional entre outros atributos.
Também para etapas de ensino mais avançadas como anos iniciais e finais do ensino
fundamental, e ensino médio, proporciona cooperação, criticidade, realização
pessoal e profissionalização. Pelos benefícios apresentados, é conclusivo o
entendimento da importância da musicalização na escola.
Cabe recordar que a musicalização na
escola, seja por meio de ensino de música como conteúdo da disciplina de Arte,
seja como prática didática em sala de aula, requer sinergia de todos os
profissionais da educação pertencentes ao ambiente escolar, que, ao vincular a
música ao conteúdo regular e valores socioculturais, poderão sentir, refletir e
debater qualquer tema escolar, tornando a musicalização escolar um método de
ensino. Ensino de música e musicalização escolar é possível e é para hoje!
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia e Pedagogia, Mestre e
Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.