quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Desabafo de uma mãe


“Me chamo Ana Paula, sou moradora do bairro Jardim Bela Vista, nesta cidade. Venho através desta, compartilhar minha indignação e minha total tristeza com os organizadores do IX Festival de Poemas de Pindamonhangaba. Tenho uma filha de 12 anos, Maria Eduarda, linda e inteligente, que participou com seu poema na categoria infantil (menos de 12 anos) e foi uma das classificadas dentre 06 poemas. A família toda ficou muito orgulhosa e feliz, afinal, o concurso é a nível municipal e o poema era uma ótimo.
A premiação e seleção dos ganhadores foi marcada para o dia 27 de setembro, às 19h. Convocamos a família toda e pedimos para que todos fossem ver a declamação do poema da Maria. Nada nos foi comunicado além de data e hora. Achamos que ela mesma declamaria seu poema. Infelizmente, o sonho virou pesadelo. O evento foi realizado no Teatro Galpão. Havia crianças, adultos e parecia tudo normal até começarem as interpretações dos poemas. Faltou respeito e bom senso. Num local aberto ao público, repleto de crianças, uma das interpretações logo de início me chocou. Um homem, com roupa de baixo aparente, aparece erguendo sua calça, subindo o zíper, claramente indicando um ato sexual ocorrido, pois agressivamente joga dinheiro sobre uma moça vestida apenas com uma camisa e roupa intima. Estranhei, mas continuei lá, afinal, o poema da minha filha estava por vir. Não mais que de repente, outra encenação arrepia e causa espanto nas crianças presentes. Dessa vez um homem afogava uma boneca num balde de água.

Houveram apresentações bonitas, doces e indicadas ao público infantil, mas quando chegou a vez do poema da minha filha... Quanta decepção. O ator aparece com um cigarro aceso, soltando fumaça, dando a conotação de que estaria drogado. Minha filha ficou arrasada. Afinal, não foi pra esses fins que ela escreveu um poema. Transtornado com a tristeza da minha filha, meu irmão, Luiz Gustavo, foi conversar com a organização do evento, pedindo uma oportunidade da menina poder declamar seu poema para demonstrar o verdadeiro sentido por trás das suas palavras. O ilustre Sr. Alberto Santiago (Presidente da Academia Pindamonhangabense de Letras) com desnecessária arrogância e certo desdém, negou esse pedido, chegando ao cúmulo de dizer que "não sabia no que ela estava pensando quando escreveu o poema". Ora, Sr. Alberto, minha filha estava em sala de aula, no que acha que ela estaria pensando? O que quis dizer? Enfim, abalada e constrangida minha filha voltou pra casa certa de que não foi uma das vencedoras devido a interpretação infeliz do seu poema. Poema por sua vez, doce, inocente, descontraído e puro. Me pergunto onde houve educação e cultura nesse evento promovido pela Prefeitura Municipal. Minha filha foi exposta ao ridículo e não quer mais escrever. Quem resguarda o direito dela? Não é dever do município proporcionar o bem estar de nossas crianças? E as campanhas antidrogas, tabagismo? Ficaram somente no papel? Muita hipocrisia. Mas fica aqui minha total repulsa por tamanha irresponsabilidade do poder municipal. Olhem melhor por nossas crianças. Garantam bons exemplos. Sejam um bom exemplo”.

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