segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Metrô: Escutas telefônicas já levantavam suspeitas em 2011

Caso envolve empresário de São José e ex-secretário de Pinda

 

O Brasil tem acompanhado no último mês as enxurradas de denúncias envolvendo o nome do governador Geraldo Alckmin no desvio de verbas das obras do metrô de São Paulo e dos trens metropolitanos, envolvendo ainda a multinacional alemã Siemens e os também tucanos José Serra e Mário Covas.
De acordo com as investigações, houve formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos. Para vencerem as concorrências, com preços superfaturados, os empresários manipularam licitações e corromperam políticos e autoridades ligadas ao PSDB e servidores públicos de alto escalão.
O caso veio a público recentemente, e desde então, novos fatos são desvendados semanalmente. Mesmo os políticos alegando não saberem do fato, uma reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, no dia 25 de julho de 2011, dava indícios de irregularidades no Metrô.
Na ocasião, o jornal publicou que escutas telefônicas mostravam um empresário de São José dos Campos pedindo ajuda do cunhado de Alckmin para interceder em licitação do Metrô. O empresário seria James Franco, sócio de uma transportadora, que recorreu ao ex-secretário de Finanças de Pindamonhangaba, Silvio Serrano (deposto do cargo por estar envolvido em diversas denúncias de irregularidades), para que o mesmo marcasse um encontro com o cunhado do governador Geraldo Alckmin, Paulo César Ribeiro, o Paulão, para interceder em licitação do Metrô para a venda de antiderrapantes.

Paulão é irmão de Lu Alckmin, mulher do governador, sendo também alvo do Ministério Público, que o investiga por suposto tráfico de influência, corrupção e comando de cartel da merenda escolar em Pinda.

O diálogo interceptado com autorização judicial se deu em 22 de novembro de 2010, às 8h40, quando o empresário ligou para Serrano. Franco e Serrano são amigos. Os dois foram apresentados a Paulão há cerca de 15 anos pelo irmão de um advogado que vendia placas com nome de rua em Pindamonhangaba.
De acordo com a reportagem, o Metrô informou que o negócio com o empresário nunca foi concretizado e para a promotoria, Paulão agia como lobista, no entanto, não há registro de que tenha usado o nome de Alckmin nas tratativas de seu interesse, mas o Ministério Público suspeita que ele se valia da proximidade familiar com o chefe do Executivo para abrir portas.
Confira alguns trechos do diálogo, publicado pelo “O Estado de S.Paulo”:
Serrano: E aí meu querido, o que você anda fazendo?
Franco: Ah., eu tô naquela minha indústria lá, né? Correndo.
Serrano: Tá dando certo?
Franco: Agora eu acertei na vida, só preciso é de uns roleiros, porque nós estamos com um material bom (...) Tava ligando pra você porque eu precisava ir conversar pessoalmente de eu procurar uma pessoa terceira lá de São Paulo pra pôr no Metrô, pôr esses negócios. (...) Tô tão traquejado dessas maldades, de nego querer passar o pé, que tirei o pé do acelerador. Eu tava querendo conversar com o Paulo.
Serrano: Sei, sei...
Franco: A gente dá uma comissão boa, dá uma parceria, sei lá. (...) É um negócio bom pra pessoa. Eu fui procurado, só que tem uma fila do caranguejo, eu tô caindo fora de fila de caranguejo. Prefiro ficar duro, do que ficar sonhando muito e porra nenhuma.
Serrano: Sei, é isso aí mesmo. Você tá sabendo que eu saí da prefeitura, né?
Franco: Tô sabendo. Isso aí é coisa que a gente tem que conversar pessoalmente.
Serrano: Na ocasião eu parei de atender telefonema, mas acho que já tá quase solucionado.
Franco: Você sabe que aqui você tem um amigo, né? E hoje em dia é a coisa mais difícil do mundo. Pode guardar isso, viu?
Serrano: É, a gente sabe disso.
Franco: Gosto muito de você (...) gosto muito dentro do coração (...) Você tem um potencial bom, tem uma bagagem boa e pode fazer umas interligações pra nós.



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